Catador assassinado planejava voltar para o Ceará
Ele foi morto a tiros por passageiro de carro de luxo no sábado, em Santo André
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O morador de rua Sebastião Lopes dos Santos, 40 anos, morto no último sábado (11) em Santo André, planejava voltar com a família para o Ceará, seu estado natal. Ele vivia no ABC havia dois anos e trabalhava como catador de papelão.
"Era um trabalhador honesto, nunca roubou nem fez mal a ninguém", disse Adriana Sales, dona de um pet shop na região e sua amiga. "Ele esteve comigo naquele dia, passamos horas conversando".
Ele foi morto com diversos disparos de arma de fogo no sábado (11). O autor dos disparos teria sido o passageiro de um carro de luxo, de acordo com imagens de câmera de segurança. Ele está foragido.
A Polícia Civil analisa as imagens para tentar identificar o autor do crime.
Segundo moradores da região, Tião, como ele era lembrado, não havia se envolvido em problemas por lá. "Era muito gentil com todo mundo, nunca arrumou confusão", disse uma moradora da rua Visconde de Mauá, local do crime.
No início do ano, Tião passou algumas semanas morando em uma casa desocupada, mas foi expulso pelo proprietário. Desde então, alugou um quarto na casa do enteado, em São Bernardo do Campo, mas frequentemente dormia nas ruas.
"Quando ficava tarde pra ele ir embora, se abrigava em alguma construção ou casa abandonada", disse Murilo Pedroso, dono do ferro-velho onde Sebastião trabalhava.
Pedroso conta que o viu pela última vez na sexta-feira pela manhã, quando saiu para trabalhar. Um outro catador, que preferiu não ser identificado, disse que conversou com Tião algumas horas depois. "Ele dava risada, pois estava com o carrinho cheio de papelão e ia tirar um dinheiro".
Vizinhança
Para a vizinhança, o motivo do crime permanece um mistério. "O Sebastião era conhecido por todos, há dois dias eu mesma dei um prato de comida para ele", disse uma moradora da rua Visconde de Mauá.
Os colegas lembram de vê-lo sempre acompanhado de sua mulher, Dalva Costa, e do cachorro Bob. "Pra onde ia, levava o cachorrinho na carroça", disse Murilo Pedroso.
A dona de pet shop Adriana Sales oferecia ração e cuidados ao cão sem cobrar nada, e desde que conheceu o dono, há dois anos, o ajudava com comida e roupas. "Não dá pra entender. Ele era uma pessoa do bem."
Sebastião foi enterrado na segunda-feira (13), em São Bernardo do Campo.