Patinetes fazem sucesso na zona leste de SP, mas falta estrutura
Sem ciclovias suficientes na região, usuários andam pelas calçadas ou no meio dos carros
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As patinetes elétricas chegaram no fim do mês passado a bairros da zona leste da capital e já fazem sucesso entre os moradores da região. Porém, há falta de estrutura para os usuários.
Nas redondezas do Shopping Metrô Tatuapé, no Tatuapé, o Agora contou cerca de 45 patinetes em três polos de compartilhamento.
Sem espaço delimitado, como ciclovias, os usuários se locomoviam entre os carros nas ruas ou mesmo nas calçadas. Alguns usuários, inclusive, andavam na contramão, no meio dos veículos nesta segunda-feira (8).
Pedro Zacarias, 68 anos, é dono de uma barbearia que passou a servir como polo de compartilhamento. Ele diz que o maior movimento é aos finais de semana.
"A empresa deixa 15 patinetes aqui em frente no sábado pela manhã e à tarde já não tem mais nenhum."
Zacarias afirma, porém, que falta orientação aos usuários e equipamentos de segurança para as pessoas que alugam as patinetes em frente a sua barbearia.
"As vias aqui são muito apertadas. Tem gente que sobe na patinete pela primeira vez e já acelera na velocidade máxima, sem se preocupar com os carros nas ruas ou com as pessoas na calçadas", afirma.
Apesar de criticar a falta de estrutura, o comerciante Meier Silva, 49, aproveitou um tempo livre na semana passada para testar a novidade no Tatuapé. E achou a experiência divertida. "Eu já tinha visto em outros lugares, como na Paulista e na Faria Lima [avenidas da região central e da zona oeste]", afirma.
No bairro Água Rasa, Robson Dantas, 64, dono de uma banca de jornal, diz que a população tem se "divertido bastante com as patinetes", mas afirma que já observou alguns acidentes.
"As ruas são muito irregulares, com buracos e rachaduras, então é comum as pessoas caírem por aqui. Já vi algumas se machucarem", afirma.
Polos de compartilhamentos foram instalados em outros bairros da região, como Carrão e Belém. A maior parte da zona leste, no entanto, ainda não conta com as patinetes elétricas.
Analista troca carro de aplicativo pela novidade
O analista financeiro Michael Batista, 34 anos, trabalha na bairro de Belém e almoça no Shopping Metrô Tatuapé, ambos na zona leste da capital. Antes, ele realizava o trajeto com carro de aplicativo, porém, nas últimas semanas, começou a alugar as patinetes elétricas.
"Não é mais barato alugar as patinetes elétricas, mas é muito mais divertido", diz.
Para ele, a expansão do meio de transporte para a zona leste é "uma maravilha". Mas são necessárias reformas na infraestrutura, afirma, para dar segurança aos usuários, como tapar os buracos das ruas e aumentar a quantidade de ciclovias na região, além de fazer a interligação entre elas.
"As patinetes elétricas devem ser expandidas para toda a cidade de São Paulo, mas antes disso precisam ser feitas algumas reformas nas vias, pois a estrutura das ruas tem muito a melhorar", diz. "Se o usuário não presta bastante atenção, pode se envolver um acidente", afirma Batista.
Corridas
Um grupo de adolescentes alugou patinetes e eles apostavam corrida na manhã da última terça-feira (2) na rua Apucarana, em frente a estação Carrão do metrô, ignorando os riscos de quedas ou de acidentes.
"As crianças da região utilizam as patinetes para brincar e dar voltas pelo bairro", afirma um funcionário de banca de jornal próxima ao metrô.
O mesmo ocorre no Tatuapé, segundo comerciantes que trabalham na rua Tuiuti.
"Os adolescentes descem essa ladeira [da rua Tuiuti] na contramão, sem se importar com os carros ou com os pedestres", afirma o vendedor Anderson Souza, 32 anos. "Se não for fiscalizado, pode resultar em um acidente feio. Pelo menos uma vez por dia alguém esbarra em uma pessoa", diz.
Resposta
Segundo a Prefeitura de São Paulo, sob gestão Bruno Covas (PSDB), está prevista a implantação de um novo plano cicloviário para este segundo semestre.
O objetivo, diz nota enviada pela assessoria de imprensa, é melhorar a qualidade das ciclovias e faixas pela cidade, conectá-las entre si, e também com terminais de ônibus e estações de metrô e trens.
Com verba total de R$ 325,7 milhões, a gestão Covas afirma que prevê construção de 173 km de novas conexões e requalificação de 310 km da malha existente das ciclovias.
Perguntada sobre como é feita a fiscalização de menores de idade utilizando as patinetes elétricas, e quem é responsabilizado em caso de acidentes, a prefeitura respondeu que "as questões serão resolvidas quando for publicada a resolução definitiva". Isso deve ocorrer nas próximas semanas.
Segundo a Grow, responsável pelas patinetes na zona leste, o serviço é restrito a maiores de 18 anos, sendo permitido apenas uma pessoa no veículo por vez.
"A recomendação consta nos termos de uso que o usuário deve aceitar antes de locar um equipamento", afirma a empresa que, no entanto, não realiza nenhuma outra verificação de idade dos usuários.