Ambulantes rejeitam proposta para regularização em São Paulo
Camelôs do centro da capital dizem que a prefeitura só libera áreas muito distantes
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Vendedores ambulantes da região da rua 25 de Março e da República, no centro da capital paulista, reclamam da dificuldade de se regularizarem no programa Tô Legal, da Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), e continuarem no mesmo ponto que trabalham há anos.
Segundo ambulantes ilegais ouvidos pela reportagem, a prefeitura está liberando novos pontos apenas em áreas longe de onde eles atualmente trabalham.
Com medo de se prejudicarem ainda mais, eles não quiseram se identificar. Mas contaram à reportagem que preferem continuar “na correria”, ou seja, na ilegalidade, a pagar taxas para trabalhar em regiões com pouco fluxo de pessoas e pouca segurança.
É o caso de um vendedor de frutas que há 14 anos trabalha nos arredores da praça da República. Ele contou que a prefeitura só liberou para ele trabalhar na rua dos Andradas, na Luz, também na região central, mas para ele perto da cracolândia.
“Eu não vou pra lá. Além de não conhecer ninguém, vou perder minha freguesia aqui e corro o risco de conviver com os usuários de droga da cracolândia”, disse.
Outro ambulante que vende doces também na região da República disse que foi liberado para ele trabalhar na rua Major Sertório, após o cruzamento com a rua Amaral Gurgel, onde segundo ele o fluxo de pessoas é bem menor.
“Do que adianta eu ficar legalizado, pagar taxa mas não ter freguesia. Não resolve nada. E a taxa não é barata, não”, afirmou.
O valor da taxa depende da quantidade de períodos que o ambulante vai trabalhar. Para quem quer a manhã e a tarde, por exemplo, a taxa é de R$ 10,72 por dia.
Outro ambulante disse que nem foi atrás da legalização. “Quando me disseram que ia ter que ir para outro ponto eu desisti. Nem fui atrás”, afirmou.
Lugar
Na região da rua 25 de Março e do parque Dom Pedro 2º muitos ambulantes também reclamam da dificuldade de se legalizarem e continuarem no mesmo local onde trabalham.
A reportagem conversou com vários ambulantes que pediram para não se identificar temendo represália dos fiscais. Eles dizem que trabalham há mais de 10 ou 15 anos e não querem sair do local, principalmente os que trabalham perto do terminal de ônibus Parque Dom Pedro 2º.
“Eles não querem que a gente continue aqui [no parque Dom Pedro 2º]. Querem que a gente vá para onde eles querem, onde não tem movimento. A gente quer se legalizar, mas não do jeito que eles estão propondo”, afirmou um vendedor de frutas.
Outro ambulante que há três anos vende salgadinhos e chocolates na região da 25 de Março disse que desistiu quando soube que não poder continuar no local. “Ninguém aqui quer ficar ilegal e viver fugindo do rapa. A gente quer se legalizar, mas continuar no mesmo lugar, onde temos clientela”.
Lançado em 1º de julho, o Tô Legal tem como objetivo legalizar 45 mil vendedores ambulantes em várias regiões da capital
Resposta
A Secretaria Municipal das Subprefeituras, gestão Bruno Covas (PSDB), disse em nota que “70% da cidade está disponível para escolha no ato da solicitação de autorização temporária de comércio em vias públicas”.
Segundo a pasta, regiões como Brás, 25 de Março, Liberdade e Mercado Municipal, no centro, não estão disponíveis porque possuem grande número de ambulantes legalizados.
A secretaria disse recebeu 3.292 solicitações de legalização. Destas, 1.891 foram emitidas e 989 não foram concluídas.