Casos de miopia crescem com uso de celulares e computadores
OMS aponta alteração ocular como epidemia e prevê um terço da população com o problema
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No mesmo compasso do avanço da tecnologia digital, cresce o número de casos de miopia nas crianças e nos adolescentes. O uso desenfreado das telas, entre smartphones, computadores e tablets, tem contribuído de forma indireta para o aumento da população míope, segundo os médicos especialistas.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta a miopia como a epidemia do século e prevê que, no próximo ano, cerca de 35% da população esteja sofrendo com o problema de visão. Em 2050, o número de casos pode alcançar 52%.
Estudo do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) afirma que ao menos 2 milhões de casos de pacientes diagnosticados com miopia por ano são registrados no país.
Até pouco tempo, o chamado distúrbio de refração que prejudica a visão de longe era visto como problema exclusivamente genético, o que mudou nos últimos anos para a comunidade científica e acadêmica.
"É fato e não fake. O uso excessivo dos aparelhos eletrônicos induz ao aumento de casos de miopia no público infantil", afirma o oftalmologista João Sobreira de Mora Neto, diretor na APM (Associação Paulista de Medicina).
O longo tempo em frente de telas provoca o que os médicos, tecnicamente, chamam de esforço de acomodação. Popularmente, pode ser definido como uma falsa miopia, ou seja, sintomas de visão embaçada para longe, após horas seguidas forçando a vista com imagens próximas.
"Se uma criança usar o tablet o dia todo, quando chegar no início da noite, ela terá uma miopia induzida. No dia seguinte, porém, a visão voltará ao normal", explica o oftalmologista Omar Assae, do Hospital Cema, localizado no Belém (zona leste).
O oftalmologista Mora Neto alerta de que o uso das telas deve ser moderado para não prejudicar a visão da criança, idade em que o erro refrativo costuma ocorrer. "A diminuição tem de ser drástica. Criança tem de brincar ao ar livre e no campo", afirma o médico.
Luz azul da tela pode piorar a visão de idoso, diz especialista
No caso da saúde ocular da população idosa, o problema está na luz azul que as telas dos eletrônicos transmitem, além das lâmpadas fluorescentes e LED, extremamente prejudiciais à retina.
Usar o celular ou o tablet no escuro pode até piorar a situação por tornar a luz mais intensa aos olhos. Por isso, os médicos não recomendam o uso dos eletrônicos nessa condição.
O oftalmologista Omar Assar, do Hospital Cema, recomenda ao público da terceira idade o consumo de vitaminas especiais e lentes apropriadas para proteção da vista, quando for usar os eletrônicos.
Para evitar esse efeito nocivo, a dica é usar protetores de tela especiais no computador e até mesmo óculos que filtram a luz azul.
Vale lembrar que a luz também é emitida pelo sol.
Os idosos são os mais afetados por problemas visuais, principalmente com o passar dos anos. O oftalmologista João Sobreira de Mora Neto, da Associação Paulista de Medicina, alerta sobre a importância de consulta anual com o especialista. À medida em que o corpo envelhece, a visão segue o mesmo caminho.
MIOPIA - SAIBA MAIS
Miopia
- É um distúrbio visual caracterizado pela dificuldade de enxergar de longe
- Nos olhos dos míopes, as imagens são focadas incorretamente, à frente da retina, de forma turva
- Quem tem miopia tem dificuldade para enxergar objetos distantes, que ficam embaçados
Quando surge
- É frequentemente detectada na infância, principalmente em fase escolar, quando a criança apresenta dificuldades de enxergar na lousa
- Há outros sinais claros, como piscar demais, franzir a testa e se queixar de dor de cabeça
- Durante o período de crescimento, pode ficar estável
- Normalmente, se estabiliza a partir dos 20 anos
Sinais e sintomas
- Visão turva
- Dores de cabeça
- Vista cansada ao fim do dia
- Irritação no olho ou fechar parcialmente as pálpebras para ver claramente
- Piscar com frequência
Diagnóstico
- É baseado na queixa do paciente, além de série de exames oftalmológicos
Exames
- Acuidade visual (visualização de sequências de letras)
- Pressão intraocular
- Refração
- Fundo de olho
Tratamento
- Começa com a avaliação de um oftalmologista, que se baseará nas queixas do paciente e na realização de exames, para o diagnóstico e a necessidade de correção visual
Opções terapêuticas
- Óculos
Prescritos pelo profissional. O inconveniente do uso é a limitação para algumas atividades profissionais e esportivas, além de redução do campo visual
- Lentes de contato
Corrigem muito bem a miopia, mas podem causar intolerância e exigem cuidados e habilidades na manipulação
- Cirurgias a laser
Em alguns casos, para correção do grau. Utiliza-se laser de alta precisão, sem dor. O procedimento dura cerca de 15 minutos, com aplicação de anestesia por colírios
Recomendação
- Ir ao oftalmologista, ao menos, uma vez ao ano para verificar possíveis modificações no grau
Uso dos aparelhos tecnológicos
Crianças e adolescentes
- Menores de 2 anos: não devem ser expostas às telas, com riscos de prejuízos no processo de desenvolvimento
- 2 anos a 5 anos: o uso não deve ultrapassar uma hora por dia, com obrigatória supervisão dos pais ou responsáveis
- Acima de 6 anos e adolescentes: o tempo de tela diário deve ser de, no máximo, duas horas
Idosos
O que os oftalmologistas recomendam
- Tomar suplementos vitamínicos especiais para proteção da luz azul das telas dos celulares, tablets e computadores, além de lâmpadas fluorescentes e LED
- Lentes especiais com bloqueio da luz azul
- Uso de óculo de sol que filtrem tanto raios ultravioleta quanto a luz azul
- Evitar usar os celulares e laptops no escuro, em especial antes de dormir
Site do Ministério da Saúde tem mais informações sobre oftamologia
Fonte: João Sobreira de Mora Neto, oftalmologista e diretor de Defesa Profissional da APM (Associação Paulista de Medicina); Omar Assae, oftalmologista e especialista em cirurgia de catarata do Hospital Cema; Hospital dos Olhos; Estudo sobre as condições da saúde ocular no Brasil do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) e Manual de Orientação Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital, do Departamento Científico de Adolescência, da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria)