Roda de pagode em hospital de SP vira caso de polícia

Festa no Hospital Geral de Taipas ocorreu no dia 25

São Paulo

Um vídeo que circula desde a última sexta-feira (25) mostra uma roda de samba supostamente no Hospital Geral de Taipas (zona norte da capital paulista). O caso foi parar na polícia.

A festa teria ocorrido em uma sala ao lado do necrotério da unidade de saúde, no fim da tarde de sexta. 

Um boletim de ocorrência não criminal foi registrado nesta terça-feira (29) denunciando a festa. 

Especialistas ouvidos pela reportagem do Agora criticaram o evento. 

Segundo imagens feitas por celular, quatro músicos tocam pagode enquanto funcionários do hospital comem, conversam e consomem bebidas, aparentemente não alcoólicas. 

Uma profissional, usando jaleco branco, serve refrigerante a um dos músicos, sentados em roda tocando bandolim e batuques. 

O ex-conselheiro hospitalar Luciano Camargo, 41 anos, recebeu o vídeo ainda na sexta-feira. Ele disse ter ficado "incrédulo" quando viu que uma roda de samba ocorria nas dependências do hospital. 

Ele compartilhou as imagens, que chegaram à assessoria do deputado estadual Bruno Lima (PSL). Ambos foram ao hospital estadual, nesta terça, para falar com a diretoria da unidade. Após a conversa, registraram boletim de ocorrência no 74º DP (Parada de Taipas).

Segundo o documento, a diretoria do hospital afirmou que estava ciente da realização da festa, mas que não a teria autorizado. O evento teria sido organizado para comemorar antecipadamente o Dia do Servidor Público, celebrado nesta segunda-feira (28). 

Cena de vídeo de festa em hospital de Taipas para celebrar antecipadamente Dia do Servidor - Reprodução

O deputado afirmou que vai acionar o Ministério Público para que o órgão investigue, por exemplo, se dinheiro público foi usado para realizar a festa. 

O especialista em direito público Daniel Lamounier afirmou que servidores públicos devem respeitar o ambiente de trabalho. "É um desrespeito ao estatuto do servidor e ao código de ética [dos funcionários]."
Marcelo Aith, também especialista em direito público, afirmou que a festa no hospital foi um ato de improbidade administrativa, "mesmo que dinheiro público não tenha sido usado".

Resposta

O Hospital Geral de Taipas afirmou, por meio da Secretaria Estadual da Saúde, sob gestão de João Doria (PSDB), que a roda de samba não foi autorizada pela direção da unidade de saúde. A unidade acrescentou que vai abrir uma investigação interna para "apurar os fatos".

"[O hospital] esclarece ainda que a iniciativa não causou qualquer prejuízo na assistência aos pacientes e nenhum profissional médico do pronto-socorro participou da ação", diz trecho de nota enviada à reportagem. 

A pasta não informou como eventualmente irá punir os responsáveis pelo organização do evento.

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