Criança passou pelo hospital três vezes antes de ser morta
Mãe e padrasto de menina de 3 anos seguem presos temporariamente como suspeitos pelo crime
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A menina Micaelly Luiza de Souza Santos, de 3 anos, foi hospitalizada sob suspeita de maus-tratos ao menos duas vezes em outubro. Ela morreu, na noite do último dia 19, um dia após receber alta de uma terceira internação, que durou 13 dias, também sob suspeita de maus-tratos.
A mãe e o padrasto da criança permanecem presos temporariamente enquanto a morte da menina é investigada pela polícia.
Segundo documento da Vara da Infância e da Juventude, Micaelly deu entrada, em 15 de outubro, no hospital municipal Professor Doutor Alípio Corrêa Neto, onde permaneceu internada por dois dias. Ela foi submetida a exames de sangue e tomografia.
Após a alta médica, no entanto, a criança estaria ainda com febre, motivo pelo qual a mãe de Micaelly, Isadora Pereira de Souza, 20 anos, levou a menina, no dia 18, ao hospital estadual Cândido Fontoura. Nesta unidade, a criança permaneceu internada por mais cinco dias, quando teve alta no dia 22.
Em ambas as internações, a Vara da Infância destaca que a menina deu entrada com "edema de face e hematomas pelo corpo [...] levando-se a suspeita de maus-tratos."
No dia 3 de novembro, ainda segundo a Justiça, a criança foi levada novamente ao hospital Alípio Corrêa Neto, com suspeita de cólica renal. Na ocasião, segundo sua mãe, Micaelly teria caído e "batido o rosto em um banco de concreto do hospital", informação questionada em documento da Justiça.
A queda, ainda segundo Isadora, teria deixado "apenas uma marca". Dois dias depois, porém, o rosto da menina inchou e ela foi levada ao hospital Tíde Setubal, onde permaneceu internada até o último dia 18.
Durante a última internação da menina, a Justiça determinou que a guarda dela ficasse temporariamente com a avó materna, que entregou a garota à mãe, que acabou presa junto com Ewerton Queiroz Lourenço, 30, após a criança dar entrada e morrer no hospital Waldomiro de Paula.
TJ diz que guarda ficou com avó
O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) afirmou que uma equipe técnica avaliou e emitiu um parecer para que a guarda da menina ficasse com a avó materna. "[Ela] recebeu as orientações do setor técnico quanto aos deveres que teria como guardiã", diz trecho de nota.
O tribunal disse ainda que, quando há suspeita de situação de risco para uma criança, familiares como avós e tios podem ser escalados para cuidar da vítima. Caso isso não for possível, ocorre o acolhimento em abrigos, uma medida considerada "excepcional."
Sobre as contradições nos depoimentos da mãe de Micaelly, o TJ afirmou não poder emitir nota sobre a questão, "pois há recursos cabíveis para eventual apuração dos fatos."
A Secretaria Estadual de Saúde, gestão João Doria (PSDB), afirmou que Micaelly deu entrada no hospital Cândido Fontoura, em 18 de outubro, "com relato de acidente doméstico por parte da família". A criança, acrescentou, ficou em observação até 22 de outubro.
A gestão Bruno Covas (PSDB) não se manifestou até a conclusão desta edição.