Uma menina de 3 anos morreu na noite da última terça-feira (19), em Itaquera (zona leste de SP). A mãe da criança e seu namorado foram presos suspeitos de maus-tratos após levarem Micaelly Luiz de Souza Santos a um hospital da região.
Segundo a polícia, o fiscal de ônibus Ewerton Queiroz Lourenço, 30 anos, e a mãe da criança, Isadora Pereira de Souza, 20 anos, levaram Micaelly ao Hospital Municipal Waldomiro de Paula, na manhã de terça-feira.
Ainda de acordo com a polícia, a menina chegou ao local já sem vida e com possíveis sinais de agressões e violência sexual.
Diante da suspeita de maus-tratos, os médicos acionaram a PM. A mãe da menina alegou aos policiais que levou a filha ao atendimento médico porque ela estava com febre, dor e vomitava. O casal foi levado à delegacia e negou as agressões, mas não convenceu o delegado, que solicitou a prisão temporária dos dois à Justiça.
A polícia aguarda o laudo do IML (Instituto Médico Legal) para saber a causa da morte da criança.
A menina havia tido alta do Hospital Municipal Tide Setúbal um dia antes, na segunda-feira (18). Ela havia ficado internada por 13 dias após chegar bastante ferida ao pronto-socorro.
Segundo a polícia, no dia da internação, policiais foram acionados pela equipe médica que detectou “claros sinais de maus-tratos” na menina.
A mãe da vítima foi chamada ao 22º DP (São Miguel Paulista) para dar explicações, mas negou “veementemente” ter havido maus-tratos. O namorado também foi chamado, mas não compareceu.
Por falta de comprovação das agressões, os policiais não solicitaram a prisão do casal na ocasião, mas conseguiram que a guarda da criança fosse transferida para a avó materna, Edite Pereira Silva, 44 anos, que também é investigada
Segundo a prefeitura, Micaelly foi entregue à avó após ter alta na segunda-feira (18). Já o Tribunal de Justiça afirmou que a avó foi orientada por técnicos quanto “aos deveres que teria como guardiã”.
O Agora não localizou a defesa do casal até a publicação desta reportagem.
Tia afirma ter visto namorado da mãe ser agressivo com Micaelly
A costureira Naira Pereira Silva, 42 anos, tia de Isadora Pereira de Souza por parte de mãe, disse nesta quarta-feira (20) ao Agora, após o sepultamento, que viu Micaelly ser tratada de forma agressiva por Ewerton Queiroz Lourenço na residência do casal no Jardim Jacuí (zona leste).
A cena teria sido presenciada por chamada de vídeo na última segunda-feira (18), por volta das 20h, quando Naira telefonou para a sobrinha.
“Ele tirou o telefone da mão da Isadora e esfregou na cara da criança, que começou a chorar. Logo depois a ligação caiu”, afirmou Naira, que é irmã de Edite Pereira Silva.
Segundo a costureira, desde a alta da criança no hospital foram várias ligações feitas por vídeo. “Na segunda-feira, em torno das 13h, ela estava sentadinha no sofá e assistia desenho na televisão”, disse.
Na terça-feira (19), porém, na ligação das 11h12, Isadora se mostrava “estranha, com a mão no rosto e em choque” e teria dito: “Tia, a Mica está pálida e desfalecendo”.
Avó materna diz que não sabia que tinha a guarda
A avó materna de Micaelly, a costureira Edite Pereira Silva, 44 anos, afirmou nesta quarta-feira (20) que não sabia que já estava com a guarda provisória da neta quando foi ao Hospital Municipal Tide Setúbal na última segunda-feira pela manhã.
A criança teve alta na segunda-feira (18), após 13 dias de internação por suspeita de maus-tratos.
“A assistente social do hospital não me deu nenhum papel nem assinei nada. Ela falou que eu teria de pegar no Fórum. Só disse que eu tinha ganhado a guarda provisória”, afirmou.
Isadora, que engravidou aos 16 anos, foi quem levou a filha para casa. “Eu não tinha roupa da menina para ela vestir”, justificou a avó. Sobre os maus-tratos com a neta, a avó materna afirmou que sua filha “não teria feito isso”.
Um dos três irmãos de Isadora, Igor Pereira de Souza, 23 anos, disse que ela mudou após o relacionamento. “A gente a via de vez em nunca.”
(Com informações da Folha de S.Paulo)
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