A cancela instalada por moradores do Jardim Campo Grande (zona sul), seguia funcionando nesta segunda-feira (18), mesmo após encerramento do prazo dado pela prefeitura de São Paulo para que o instrumento fosse retirado.
A cancela instalada em 2012 controla a entrada e saída de carros pela região, com segurança privada contratada pela associação de moradores do bolsão residencial. Além dela, também foram instalados obstáculos de concreto nas calçadas, impedindo que até cadeirantes acessem o bairro. Aos poucos, o local ficou semelhante a um condomínio fechado.
Recentemente, a gestão Bruno Covas (PSDB) enviou um ofício à associação de moradores exigindo a retirada de todos os obstáculos até o dia 15. Também foi dito que, caso a ordem não fosse atendida, agentes de fiscalização removeriam os obstáculos do bolsão e aplicariam multas.
Questionada a respeito, a Subprefeitura Santo Amaro disse que a remoção dos obstáculos foi iniciada na manhã desta segunda-feira (18) e que o serviço está em andamento. Não foram ditas, no entanto, quais seriam as sanções aplicadas. A reportagem viu, entretanto, a cancela funcionando pela manhã.
O aposentado Hélio Carlos de Evaristo, 67 anos, que mora em uma rua próxima ao bolsão, reclama que não é mais possível utilizar a região para "cortar caminho", pois os seguranças não autorizam a passagem de carros que não estejam autorizados. Ele também afirma que o trânsito no entorno aumentou. "De manhã e por volta das 17h ninguém consegue andar, porque todos os moradores do bolsão estão entrando e saindo em fila pela cancela", diz.
A agente escolar Maria Nilza de Souza, 69, que trabalhou durante 18 anos da Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Francisco Manuel da Silva, localizada dentro do bolsão, também reclama que os pais dos alunos não podiam entrar de carro para deixar ou buscar seus filhos na escola. É necessário estacionar nas ruas de fora e entrar no local a pé, afirma. "Muitas vezes não tinha vaga para estacionar e os alunos se atrasavam por culpa dos seguranças da entrada."
Questionada pela reportagem a respeito da cancela, a associação de moradores do local disse que todos os obstáculos foram instalados com autorização da prefeitura e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), uma vez que as vias do bairro são classificadas como vias de trânsito local. Também foi dito que a associação nunca recebeu qualquer comunicado oficial da prefeitura para retirar qualquer barreira.
O advogado Rafael Rosset, da associação, afirmou ainda que qualquer pessoa qualificada como "trânsito local", conforme autorizado e permitido em lei, tem livre acesso e que qualquer pedestre, cadeirante, ambulâncias, veículos de recolhimento de lixo e viaturas têm livre acesso. "O bolsão não é um condomínio, e os moradores jamais trataram aquele espaço como condomínio. São 400 famílias de classe média, gente que trabalha e quer ter direito a descanso no fim do dia, apenas isso", diz.
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