Lotação é maior problema do metrô e da CPTM, diz pesquisa do Procon

Estudo mostra que 86% dos entrevistados têm alguma queixa contra os dois transportes

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Mariangela Castro

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (27) pelo Procon mostra que cerca de 86% dos usuários do metrô e 93% dos passageiros da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) apontam algum problema nos serviços.

Passageiros esperam chegada de trem na estação Sé da linha 1-azul do metrô - Rivaldo Gomes - 11.set.19/Folhapress

As principais queixas são superlotação, atrasos, falta de segurança e manutenção dos trens. Ao todo, 902 pessoas foram entrevistadas.

Para cerca de 60% dos passageiros entrevistados, o metrô é bom ou ótimo. Na CPTM, a mesma avaliação foi dada por 35% das pessoas.

A pesquisa ainda mostrou que 10% dos usuários, tanto do metrô quanto da CPTM, disseram já ter sido assediados sexualmente. 

Também apontou que 45% dos passageiros acham que vendedores ambulantes, cantores e pedintes dentro dos vagões atrapalham e incomodam.

O estudante Lucas Gonçalves, 20 anos, reclama de atrasos e superlotação, principalmente nos trens da CPTM. "Não é raro esperar mais de 25 minutos na plataforma", afirma.

Gonçalves costuma fazer o trajeto Grajaú-Pinheiros, da linha 9-Esmeralda. Segundo ele, mesmo fora de horário de pico o intervalo entre os trens é de cerca de 10 minutos. "Quando chega cheio fica pior ainda, porque temos de esperar passar mais de um trem para conseguir embarcar."

Para o especialista em transporte público Horácio Augusto Figueira, a superlotação poderia diminuir se os dois sistemas passassem a operar durante todo o dia com a frota plena.

Ele afirma que hoje, após o horário de pico da manhã e da tarde, tanto o metrô quanto a CPTM diminuem o número de trens. Portanto, diz, ainda que a movimentação também caia, a rede continua lotada.

"Por isso os trens estão sempre cheios. Se fosse feito um trabalho de comunicação com os usuários informando que os sistemas vão operar de forma plena, o nível de conforto iria aumentar muito", afirma.

Figueira afirma que se fossem colocados ônibus expressos em faixas exclusivas e reversíveis, o usuário de transporte público na capital teria uma alternativa mais rápida e cairia a demanda por trens.

Respostas

O Metrô diz que investe em melhorias para aperfeiçoar seu serviço, instalando sistema de controle de trens que já opera nas linhas 2-verde e 15-prata e deve estar em pleno funcionamento nas linhas 1-azul e 3-vermelha até 2021, reduzindo os intervalos entre as composições. Também diz que a instalação de portas de plataforma em todas as estações deve estar concluída até 2023. 

A CPTM, também da gestão João Doria (PSDB), diz que vem fazendo melhorias nas estações e investimentos no sistema e na rede de energia. "Desde 2017, 65 novos trens entraram em operação. Essas melhorias têm feito com que a CPTM apresente crescimento no número de passageiros: em 2018, a foram transportados 863,3 milhões de passageiros, 4,3% a mais que no ano anterior", diz.

Sobre assédio e ambulantes, as duas empresas dizem investir em segurança e campanhas.

A pesquisa

Satisfação dos usuários do Metrô e da CPTM

Perfil

Utiliza apenas metrô 49,22%
Utiliza apenas CPTM 6,54%
Utiliza ambos 44,23%

Avaliação dos serviços do metrô

Ótimo 12%
Bom 48%
Regular 31%
Péssimo 9%

Avaliação dos serviços da CPTM

Ótimo 4%
Bom 31%
Regular 45%
Péssimo 20%

Principais problemas no metrô

Superlotação 69,98%
Atrasos 30,84%
Falta de Segurança 11,26%
Manutenção dos trens (falta ou realizada nos finais de semana) 8,89%
Ambulantes, cantores e pedintes dentro dos vagões 8,54%

Principais problemas na CPTM

Superlotação 82,53%
Atrasos 48.03%
Manutenção dos trens (falta ou realizada nos finais de semana) 14.62%
Falta de Segurança 12,44%
Ambulantes, cantores e pedintes dentro dos vagões 9,17%

Usuários também relataram:

  • 10,42% já foram assediados sexualmente no trajeto
  • 44,79% entendem que os ambulantes, cantores e pedintes dentro dos vagões atrapalham e incomodam
  • 46,12%  já compraram algum produto do comerciante informal dentro dos vagões

A pesquisa foi feita com 902 usuários do metrô e/ou da CPTM, entrevistados presencialmente entre 2 e 6 de setembro nos postos do Poupatempo Sé, Itaquera e Santo Amaro

Fonte: Procon SP

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