Vistoria acha hospitais lotados e equipamentos abandonados em SP

Tribunal de Contas foi a 299 unidades públicas de SP; na capital, apontou problemas em 8 delas

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São Paulo

Ao menos oito hospitais mantidos pelo governo do estado na capital estavam com irregularidades durante fiscalização realizada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo), na terça-feira (26).

O caso mais grave foi identificado no Hospital Geral de Taipas (na zona norte). No local havia pacientes internados em macas pelos corredores, equipamentos abandonados, desinsetização vencida e camas cirúrgicas sem uso, expostas ao sol e à chuva.

Entre outros itens, segundo a vistoria realizada pelo TCE, 26% dos hospitais avaliados no estado de São Paulo não têm atendimento preferencial. 

A vistoria do tribunal avaliou ainda acessibilidade para deficientes, condições de higiene e satisfação com 
o atendimento (veja os problemas apontados nos hospitais da capital ao lado).

No Hospital Geral de Vila Penteado, também na zona norte, foram encontrados banheiros sem sabonete nem papel higiênico, mofo e desinsetização vencida. 

Na zona sul, o Hospital do Grajaú tinha pacientes em macas pelos corredores e medicamentos armazenados em locais abertos. 

O Hospital Estadual Itaim Paulista (zona leste) também tinha internações em macas nos corredores.
No Hospital Regional Sul, em Santo Amaro (zona sul), o principal problema foi o abandono de equipamentos de raio-X novos e usados. 

A vistoria surpresa comandada pelo TCE avaliou unidades de saúde em 299 municípios e contou com a participação de 302 agentes de fiscalização. 

A ação também verificou as condições dos serviços em hospitais, prontos-socorros e unidades de pronto atendimento mantidos por prefeituras.

Em Osasco (Grande SP), a fiscalização encontrou incubadora e berço de UTI Neonatal quebrados no Hospital e Maternidade Amador Aguiar. Já em Santo André, o Hospital da Mulher, segundo a vistoria, tinha equipamentos hospitalares em desuso ou quebrados.

Para professor, burocracia ajuda a ter problemas

O excesso de burocracia é um dos gargalos na administração de saúde pública e pode explicar parte dos problemas encontrados na fiscalização do TCE, de acordo com Gonzalo Vecina Neto, professor do Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).

“É preciso verificar se o medicamento encontrado estava vencido e seria descartado ou se estava em algum lugar no qual seria utilizado”, afirma. “De qualquer forma, remédio vencido é perda de dinheiro”, afirma.

Outra questão importante, segundo ele, é em relação aos equipamentos quebrados. “Quando a manutenção ocorre por meio de licitação isso se transforma em um calvário. Diminuir a burocracia ajuda muito a melhorar isso”, diz.

O professor afirma que problemas encontrados acabam prejudicando o atendimento à população. “Não dá para imaginar que com remédio vencido e equipamento quebrado o atendimento será bom”, diz. 

“Problemas como esses, assim como falta de limpeza, pode aumentar a média de internação e cada dia que a pessoa fica no hospital cresce a chance de infecção hospitalar”, afirma.

Resposta

A Secretaria Estadual da Saúde, da gestão João Doria (PSDB), diz que os hospitais citados são referências em alta complexidade. “Atendem prioritariamente pacientes que requerem intervenção imediata. Os demais são mantidos em observação até que haja desfecho clínico, seja alta ou encaminhamento a leitos em demais setores”, diz a nota. 

“As unidades passam por limpeza diária”, afirma.

A pasta diz que os hospitais Regional Sul e o Geral de Taipas passam por obras de ampliação e modernização. “O Regional Sul tem dois aparelhos de raio-X funcionando e serão adquiridos outros três. Devido à reforma, os equipamentos no PS não podem ser usados temporariamente por segurança dos próprios pacientes.” 

A nota diz que a unidade teve na terça (26) desinsetização válida por três meses, e que realiza limpeza periódica da caixa d’água — a última ocorreu em outubro.

Segundo a pasta, itens em desuso “serão direcionados para descarte ou reaproveitamento, assim como no hospital de Pedreira”. 

Sobre Sapopemba, afirma que “efetuou a compra das peças para conserto dos berços da UTI e aguarda entrega”. Já os reparos no Hospital Geral Vila Penteado “estão programados para o primeiro semestre de 2020”. 

A Secretaria de Saúde de Guarulhos, gestão Gustavo Henric Costa, o Guti (PSB), afirma que “existe a rastreabilidade de recolhimento para não deixar esses medicamentos vencerem”.

A Prefeitura de Osasco diz que “equipamentos são locados e, em caso de problemas, são reparados ou trocados imediatamente”. 

A Prefeitura de Santo André, da gestão Paulo Serra (PSDB), diz que o armazenamento de equipamentos não utilizados “não afeta o funcionamento de hospital e que armazena medicamentos corretamente.

Fiscalização em emergências hospitalares - O que foi encontrado

Ao todo, 299 unidades estaduais de saúde foram vistoriadas na terça-feira (26)

CAPITAL

Hospital Katia de Souza Rodrigues - Hospital Geral de Taipas

  • Macas com pacientes nos corredores
  • Desinsetização vencida
  • Piso da cozinha quebrado 
  • Equipamentos, entre eles um tomógrafo, em desuso
  • Macas e camas cirúrgicas sem uso, expostas ao tempo
  • Sala de espera sem ventilação e com apenas 1 ventilador

Hospital Geral Dr. José Pangella, na Vila Penteado

  • Banheiros sem sabonete e papel higiênico
  • Teto com mofo
  • Desinsetização vencida
  • Cozinha sem vedação total das janelas 

Hospital Estadual Professor Libertado John Di Dio, no Grajaú

  • Macas com pacientes nos corredores
  • Medicamentos de alto custo em armário que não pode ser trancado

Hospital Estadual Itaim Paulista

  • Pacientes internados em macas  

Hospital Regional Sul

  • Banheiro sem acessibilidade
  • Limpeza de caixa d’água vencida
  • Equipamentos de raio-X novos e usados em desuso

Hospital Estadual Valdemar Sunhiga, em Sapopemba

  • Berço de UTI Neonatal e encubadoras quebrados, aguardando peças
  • Falta de farmacêuticos em alguns os horários

Hospital Geral de Pedreira

  • Macas com pés amarrados

GRANDE SP

Santo André

Hospital da Mulher

  • Equipamentos hospitalares em desuso

UPA Perimetral

  • Medicamentos mal armazenados

Osasco

Hospital e Maternidade Antônio Aguiar

  • Incubadora e berço de UTI Neonatal quebrados

Guarulhos

Hospital Municipal da Criança e do Adolescente

  • Medicamentos que vencem no sábado (30)

Fonte: Tribunal de Contas do Estado

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