Acervo da Vera Cruz começa a ser recuperado

Deixadas de lado por décadas, 11 mil peças da companhia estão sendo organizadas

Acervo da Vera Cruz encontrado em galpão que pertenceu à companhia - Ricardo Cassin/PMSBC

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São Paulo

A memória da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, que viveu seu auge nos anos 1950, em São Bernardo do Campo (ABC), foi deixada de lado por décadas. Foram várias as promessas do poder público de resgatar essa história, importante para a cidade e para o país.

Agora, a prefeitura do município dá uma nova esperança aos fãs de cinema e dos 22 filmes da companhia.Atualmente, um acervo com cerca de 11 mil itens, entre figurinos, rolos de filme, fotografias, cartazes e objetos cenográficos, está sendo catalogado por técnicos da prefeitura.

"Esse material, doado há 30 anos para o município, foi jogado de canto para canto por décadas”, diz o secretário de Cultura e Juventude, Adalberto Guazzelli, da gestão Orlando Morando (PSDB).

O último destino havia sido justamente um galpão no Pavilhão da Vera Cruz, que hoje pertence à prefeitura. “A situação do material era precária. Nunca houve, por exemplo, uma equipe especializada para cuidar do acervo”, diz Dalva Franceschetti, diretora de Biblioteca Pública e Preservação da Memória.

O primeiro passo foi levar filmes, fotos e cartazes para espaços climatizados, mais adequados para a preservação. “Os cerca de 500 rolos de filme foram retirados e passaram por uma triagem feita por técnicos da Cinemateca Brasileira. Estão todos no Centro de Memória, limpos e organizados”, afirma Dalva.

Os 9.000 documentos, como fotos, cartazes e até roteiros originais, foram higienizados, catalogados e separados por pastas.O próximo desafio é recuperar os figurinos e os objetos de cena.

 

No total, são cerca de 2.500 peças de filmes como “O Cangaceiro” e “Appassionata”, além do caminhão Anastácio, usado por Mazzaropi em “Sai da Frente”. “Há ao menos uma peça de cada um dos principais filmes do estúdio”, afirma Guazzelli. Elas passarão por um processo de higienização que, segundo a prefeitura, custará R$ 20 mil.

​“Depois, vamos fazer uma triagem com ajuda de especialistas, para saber o que de fato se refere à Vera Cruz. Entre o material há, por exemplo, cadeiras quebradas que com certeza não eram do estúdio”, diz Dalva.

A ideia é fazer pequenas exposições. Em novembro, a prefeitura organizou a primeira, no pavilhão, com uma mostra de filmes da companhia. “Vamos repetir esse modelo com 20, 30 figurinos. Planejamos criar um pequeno cinema no Centro de Memória, onde os filmes serão apresentados”, afirma Guazzelli.

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Quem gosta de filmes de terror não pode perder a maratona do MIS (Museu da Imagem e do Som) na noite de sexta-feira, 13, a partir das 23h. Serão exibidos quatro clássicos na sequência, entre eles Drácula (1931) e Frankenstein (1931). Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados uma hora antes da primeira sessão. Veja a programação em no site do MIS.


ONDE VER

CINEMATECA BRASILEIRA
O Banco de Conteúdos Digitais, no site www.bcc.org.br, tem filmes da Vera Cruz na íntegra. Eles estão disponíveis para assistir gratuitamente. Os longas são os seguintes:

"Caiçara"
"Painel"
"Santuário"
"Terra é Sempre Terra"
"O Cangaceiro"
"Luz Apagada"
"Appassionata"
"Candinho"
"O Gato de Madame"
"Osso, Amor e Papagaios"
"A Família Lero-Lero"
"É Proibido Beijar"
"São Paulo em Festa"
"Floradas na Serra"
"Na Senda do Crime"
"Um Certo Capitão Rodrigo"
"Verão de Fogo"
"Sai da Frente"
"Tico-Tico no Fubá"

Hanuska Bertoia

47 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

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