Vacina contra três doenças está em falta nos postos de saúde de SP
Pais não conseguem achar a DTP, que imuniza crianças contra difteria, tétano e coqueluche
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A vacina DTP, que imuniza crianças contra difteria, tétano e coqueluche, está em falta nos postos de saúde de todo o país.
Nesta segunda-feira (2), a reportagem entrou em contato com 21 Unidades Básicas de Saúde de todas as regiões da capital e nenhuma tinha a imunização.
Os funcionários não souberam dizer quando as doses seriam repostas. O problema está na distribuição por parte do Ministério da Saúde, que pretende dar uma solução neste mês.
Também chamada de tríplice bacteriana, a DTP deve ser tomada em duas doses, aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Após isso, a cada 10 anos, é aplicada na rede pública a DT, que protege contra difteria e tétano.
Na zona leste, por exemplo, funcionários de dez UBSs disseram que falta vacina no estoque desde o início de outubro. Já na região central, a falta teria começado há três semanas.
A dona de casa Simone Oliveira, 33 anos, moradora em Osasco (Grande SP), diz que está tentando vacinar seu filho há quatro meses. O garoto está com quatro anos de idade e seus pais temem que a criança desenvolva alguma doença.
Segundo Simone, ela já esteve em cinco unidades de saúde de Osasco. "Na rede privada, a vacina custa R$ 230 e nós não temos como pagar", diz.
O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, afirma que difteria, tétano e coqueluche são doenças extremamente contagiosas e podem representar alto risco para o organismo.
"Nenhuma dessas doenças está eliminada, e sim controlada. É preciso manter a vacinação constante", diz.
Ele aconselha aos pais que, com a chegada de novas doses, a vacina seja dada o quanto antes, mesmo que atrasada, e diz que para grávidas é essencial receber a dTpa (versão da DTP) a partir da 20ª semana de gestação, para proteger o bebê.
Cunha afirma que a rede privada não tem doses suficientes da vacina para atender toda a população, ainda que haja demanda.
Resposta
O Ministério da Saúde afirma que a distribuição da vacina DTP será regularizada neste mês. Segundo o órgão, o produto teve sua distribuição suspensa pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em junho, por problemas na qualidade, segurança e eficácia.
Nova distribuição já foi autorizada e, segundo o ministério, a agência liberou 2,3 milhões de doses da vacina, produzidas pelo laboratório Serum Índia, diz.
Segundo a nota do governo federal, do total 1,2 milhão de doses liberadas para este mês, 229.100 mil irão para o estado de São Paulo.
Após o repasse do ministério aos estados, as Secretarias de Saúde Estaduais que são responsáveis de fazer a distribuição às cidades. As prefeituras de São Paulo e de Osasco, e o governo estadual, disseram esperar pela chegada das doses.
Saiba mais
O que é a de vacina DTP?
- Tríplice bacteriana, protege contra difteria, tétano e coqueluche
- Atua como reforço da vacina pentavalente
Quando deve ser tomada?
- Primeira dose: 15 meses de idade
- Segunda dose: entre 4 e 6 anos de idade
- Grávidas devem tomar a dTpa (versão para adulto) partir da 20ª semana de gestação
- Adultos devem tomar a DT (não envolve coqueluche) de dez em dez anos, a partir dos 15 anos
Difteria
- Doença bacteriana transmitida por vias respiratórias. Poucos casos no Brasil
- Sintomas: tosse rouca na garganta, dor de garganta, febre, dificuldade de engolir
- Tratamento: antibiótico e soro antidiftérico
Tétano
- Doença bacteriana transmitida por ferimentos sujos, como acidentes com ferrugem ou terra
- Como age: a infecção bacteriana pode evoluir para o sistema nervoso, o que faz com que os músculos se contraiam e o paciente pode perder a respiração
- Tratamento: antibiótico e soro antitetânico
Coqueluche
- Doença bacteriana transmitida por vias respiratórias
- Incidência recorrente no Brasil desde 2014
- Doença grave para crianças menores de seis meses, pois pode ocasionar falta de oxigênio no cérebro
- Sintomas: tosse por um período prolongado de três ou mais semanas, vômito, falta de ar
- Tratamento: antibiótico
A vacina é a única maneira de proteger as três doenças
Fonte: Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações