Posto de saúde na zona sul de SP tem infiltrações e salas mofadas
UBS de Moema também está com o aparelho para esterilizar materiais médicos quebrado
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Quem chega à UBS (Unidade Básica de Saúde) Sigmund Freud para ser atendido logo percebe os problemas de infraestrutura. Paredes mofadas, pias do banheiro sem encanamento, pintura desgastada e paredes com reboco quebrado são alguns dos problemas encontrados no local.
O prédio está localizado na avenida Indianópolis, 650, em Moema (zona sul). Um dos problemas que chama mais a atenção está em um dos consultórios. A sala está sem parte dos pisos, tem uma balança enferrujada e a cadeira está rasgada.
"A gente percebe um abandono", diz um funcionário da UBS, que pediu para não ser identificado. "Essa sala já foi muitas vezes usada como consultório. Quem olha não acredita nisso", conta.
Outro problema encontrado no prédio está na sala da enfermagem, que tem uma goteira. "A enfermeira trabalha com água pingando atrás da mesa dela. Isso não é condição de trabalho", diz o funcionário.
Nos fundos do prédio existem diversos materiais amontoados. Quando a reportagem foi ao posto de saúde, no último dia 20 de dezembro, havia no local um banco apodrecido, cestos, sacos de lixo, vassouras e caixas no local.
A UBS tem ainda tomadas penduradas pelo fio elétrico, conduítes enferrujados, infiltração no teto, portão quebrado, salas sem porta e gaveteiro para documentos quebrado. Além de atendimento médico, a unidade na zona sul também possui espaço reservado para vacinação de crianças.
Equipamento quebrado
A autoclave que existe na UBS também está quebrada. O equipamento é utilizado para esterilizar utensílios médicos e é considerado fundamental para evitar contaminações.
"Já tem bastante tempo que a nossa [autoclave] está sem funcionar. Já avisamos a prefeitura e até agora nada. Nós temos que enviar os equipamentos para outra unidade", afirma um funcionário da UBS.
Pacientes se queixam de atendimento
Uma das principais reclamações dos pacientes é sobre a demora no atendimento. "Isso acontece toda vez que venho aqui. Já fiquei cinco horas só para passar com um médico aqui", conta a vendedora Sirleide Maria de Jesus, 44 anos.
"Sempre demora, principalmente à tarde", diz Paulo Henrique Silva, 49, motorista de aplicativo, que também mora no bairro. "Além de não oferecerem um bom serviço de saúde, ainda desprezam o tempo que passamos aqui esperando e poderíamos estar trabalhando ou cuidando da família."
Um funcionário da unidade afirma que alguns médicos aposentaram e não houve reposição. "Não tem profissional no fim da tarde, isso prejudica o trabalhador, muitas pessoas não conseguem sair no horário de trabalho para passar o dia todo na UBS, as pessoas só conseguem ir depois que saem do trabalho."
Descaso com UBS parece ser proposital, diz funcionário
Segundo um funcionário da UBS ouvido pela reportagem, o descaso com a unidade de Moema seria uma forma de forçar a entrega da administração a uma OS (Organização Social).
"Eles [Secretaria Municipal da Saúde] deixam o pior possível para depois justificar que entre uma OS [Organização Social]. A OS entra, da uma pintura e o paciente fica com a impressão que terceirizar é a melhor solução", diz o funcionário.
"Quando você entrega a saúde primaria para a OS você tem um grande problema porque o governo municipal não tem braço para fiscalizar. Eu sou do SUS, eu posso apontar o que está errado. Quem trabalha para uma OS tem patrão, tem medo de perder o emprego e de denunciar, não tem proteção, fica refém."
Resposta
Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal da Saúde, sob gestão Bruno Covas (PSDB), diz que "nos últimos dois anos 85 equipamentos de saúde foram inaugurados, reclassificados ou receberam novas instalações.
No mesmo período, a cidade teve 99 unidades de saúde reformadas, incluindo 65 Unidades Básicas de Saúde (UBSs)".
"A UBS Sigmund Freud é uma das unidades com reforma prevista no primeiro semestre de 2020, com recursos do Programa Avança Saúde São Paulo, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento."
A operação desta unidade deverá ser executada pela OS Associação Para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), por meio de contrato de gestão com a SMS, sem prejuízo aos funcionários.