Perder peso rápido com dieta restritiva traz riscos à saúde

Deixar de consumir alimentos causa cansaço e fraqueza

São Paulo

Tentar compensar o ganho de peso da comilança nas festas de fim de ano com uma dieta restritiva pode  ser perigoso. Além de provocar carências nutricionais no organismo, essa modalidade mais “radical” impede que o corpo se adeque a uma reeducação alimentar.

Kleber Lehpamer, 27 anos, faz exercícios na academia do prédio onde mora - Zanone Fraissat/Folhapress

Nas dietas restritivas algum grupo alimentar deixa de ser consumido por um longo período de tempo, o que provoca perda de peso, mas também pode causar problemas de saúde. 

“Em ocasiões como festas ou nas comemorações do fim de ano é comum um certo exagero na alimentação. Tanto em relação à quantidade, como em relação a alimentos mais gordurosos e açucarados. O maior risco desses exageros festivos é justamente o aumento de peso”, diz Maria de Lurdes Teixeira, nutróloga da Beneficência Portuguesa.

Segundo ela, ao perceber que exagerou durante as festas, a melhor alternativa é sempre controlar a alimentação, mas nunca deixar de comer. “Se comeu demais em um dia, controle no dia seguinte. Faça uma refeição com bastante salada, que deve ocupar 50% prato. Coma carboidratos em menor quantidade, mas nunca deixe de comer, opte por frutas nos intervalos das refeições e faça exercícios físicos”, recomenda. 

O endocrinologista Cristiano Roberto Grimaldi Barcellos, professor da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica, alerta que qualquer dieta deve ser acompanhada por uma avaliação médica.
“A pessoa decide fazer uma dieta sem orientação profissional. Muitas vezes, para não dizer todas, ela vai acabar caindo em uma cilada. Ela ficará com o corpo desequilibrado. É só o médico ou o nutricionista que têm condição de diminuir calorias sem causar esse ‘desbalanço’ dos nutrientes”, afirma.

O médico é taxativo ao falar que as pessoas não devem fazer regimes altamente restritivos por conta própria. Segundo Barcellos, boa parte das dietas que são moda costumam não ter embasamento científico. Quem pratica, ele afirma, pode ficar doente e apresentar cansaço, fraqueza, anemia e ansiedade.

“O ideal é evitar exageros e tentar prevenir o ganho de peso, mesmo no fim de ano. Quem resolve cortar tudo depois de exagerar, fica mais radical e com metas impossíveis de atingir.”

Jejum intermitente requer orientação de profissional

O jejum intermitente é uma dieta que intercala períodos de alimentação com intervalos em que a pessoa fica em jejum por 12, 16 ou até mesmo 24 horas.

Em alguns casos, acaba produzindo uma perda significativa de peso em semanas ou meses. “Na janela alimentar, recomenda-se alimentação normal, mas sem exagero. No período em jejum, pode consumir água, café com adoçante ou mesmo uma água com limão, sem açúcar. Mas sempre com orientação de um especialista, que vai checar exames laboratoriais antes”, explica a nutróloga Maria de Lurdes Teixeira.

Mas essa dieta exige cuidados, pois pode ter efeitos colaterais como fraqueza, dor de cabeça e indisposição. 

O professor de medicina da PUC Cristiano Roberto afirma que só recomenda o jejum intermitente em casos específicos.  “As pessoas acham que a dieta de jejum intermitente é melhor que a de restrição calórica para perder peso, mas não é verdade. Os trabalhos, sem exceção, têm mostrado que o jejum intermitente realmente ajuda a perder peso, mas não é melhor do que uma dieta convencional. Alguns pacientes não se adaptam à dieta convencional e, nestes casos, tentamos o jejum.”

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