Vídeo mostra PM atirando contra pessoas na zona leste
Um dos disparos atingiu um cozinheiro no peito, a 3 cm do coração, dizem familiares
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Um vídeo feito por celular mostra um policial militar atirando contra pessoas que estavam na porta de um bar em São Mateus (zona leste da capital paulista), por volta das 4h30 de domingo (26).
Segundo testemunhas, um cozinheiro de 32 anos, que estava no local, foi baleado no peito. Ele está internado com o projétil alojado no peito, a 3 cm do coração. A Ouvidoria das polícias solicitou à Corregedoria que o policial seja afastado das ruas.
O vídeo mostra o PM, que pertence ao 38º Batalhão (Iguatemi), atirando em linha reta com uma arma que aparenta ser uma pistola. Em seguida é possível ouvir o autor do vídeo repreendendo o policial, que responde: "Amanhã vou preso, para mim tanto faz”.
Clientes do bar, que fica na rua Silva Ortiz, relataram ao Agora que vizinhos chamaram a PM por causa do barulho no local. A viatura chegou por volta das 4h30 e um policial pediu que eles abaixassem o som. Segundo testemunhas, o som foi abaixado e a viatura foi embora, mas parou poucos metros depois.
"O policial saiu do carro e atirou duas vezes para o alto. Em seguida, deu mais três tiros na direção das pessoas que estavam na rua. Um cara que estava lá começou a filmar e conseguiu flagrar o último tiro que o PM deu", explica uma testemunha, que pediu para não ser identificada. Segundo ela, o autor das imagens levou um soco no rosto dado pelo policial.
Parentes do cozinheiro, que estavam com ele no local, afirmam que um dos disparos o atingiu no peito. "Ele achou que fosse bala de borracha, porque é tão comum a polícia usar isso aqui na região, que nem imaginou que fosse bala de verdade", contam.
A vítima só percebeu a gravidade do ferimento ao chegar em casa, minutos depois. Ele foi levado ao Hospital Santa Marcelina, onde um exame de raio-X detectou que o projétil estava alojado a três centímetros do coração.
A vítima permanecia internada, estável, até a publicação desta reportagem, segundo a assessoria de imprensa da unidade de saúde.
Para o advogado Ariel de Castro, conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos), o vídeo mostra “a frieza e a tranquilidade” do PM que atirou. “Esse caso exemplifica o aumento da violência policial e a sensação de impunidade do PM. Ele afirma que será preso e não liga para isso”, diz.
Resposta
A Polícia Militar afirmou que o caso é investigado por meio de um Inquérito Policial Militar, instaurado pela Corregedoria da corporação.
Além do PM que efetuou os tiros, a corporação identificou outros policiais que presenciaram o caso, sem especificar quantos. “Eles serão afastados da atividade operacional durante o período das investigações”, diz trecho de nota.
A corporação reforça para que testemunhas procurem a Corregedoria da PM, “para o esclarecimento dos fatos”. A identidade das testemunhas é mantida em sigilo.
A Ouvidoria das polícias instaurou um procedimento e afirma que vai acompanhar os trabalhos da Corregedoria.