Imagens feitas com celular mostram um policial militar agredindo com voadoras dois moradores da Brasilândia (zona norte de SP), por volta das 11h de sábado (18). Um Inquérito Policial Militar foi instaurado para investigar o caso.
A reportagem apurou que a PM foi acionada ao local por conta do som alto, dentro de uma residência na rua Pedro Alba. Quando a polícia chegou ao local, o responsável pela casa desligou a música e foi conversar com os PMS na rua.
Uma testemunha, que pediu anonimato, afirmou que o homem não autorizou a entrada da polícia na casa dele, alegando que o problema já estava resolvido. Ele também teria negado entregar o documento de identificação. Por conta disso, ainda segundo a testemunha, ele foi imobilizado e agredido por alguns policiais.
Na sequência, chegou ao local um PM da Rocam (Ronda com Motocicletas) que, segundo moradores, desembarcou de sua moto já agredindo às pessoas que estavam na rua.
Segundo as imagens, o motoqueiro da PM corre, se apoia na carroceria de um caminhão, e dá uma primeira voadora, com os dois pés, contra um adolescente. Na sequência, ele é interpelado por um idoso, com o braço quebrado.
As imagens mostram ainda que o policial não dá ouvidos ao idoso e corre em direção a um homem, que conversa com outro policial, e lhe desfere uma voadora no peito. A ação revoltou moradores da rua. Por fim, os policiais saem do local.
Um carro da corporação, segundo outro vídeo, dá marcha a ré em alta velocidade para sair da rua. Alguns moradores gritam, "saí de trás, sai da rua". Um jovem corre para não ser atropelado.
Cultura do "esculacho"
Rafael Alcadipani, professor da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirmou ao Agora que as imagens mostram que persiste, em regiões periféricas, o que ele chama de "cultura do esculacho". "Alguns setores da PM acreditam que podem agir desta forma em cima da população mais vulnerável", afirmou.
O especialista acrescentou que, em uma região rica, seria pouco provável que os agentes agissem com a violência registrada em vídeo. "Parece-me que existe a persistência de uma subcultura que termina por autorizar, no cotidiano dos policiais, que este tipo de prática seja feita com moradores periféricos. É preciso combater essa subcultura", enfatizou.
Resposta
A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), confirma em nota que os PMs foram ao local para atender a uma ocorrência de perturbação do sossego e realizou uma "abordagem padrão".
"Houve resistência e início de confusão, sendo o homem encaminhado ao 72º DP, onde foi registrado um termo circunstanciado por desobediência, resistência, recusa de dados sobre própria identidade, lesão corporal e desacato", diz trecho de nota.
A PM também encaminhou nota afirmando que o caso é apurado, acrescentando que todas as circunstâncias, fatos e responsabilidades serão apontados em Inquérito Policial Militar.
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