Bombeiros encontram corpo no morro do Macaco Molhado, em Guarujá, após 3 dias de buscas
Outras quatro pessoas, incluindo um cabo dos bombeiros e um professor de capoeira, permanecem desaparecidas no local
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Após três dias de buscas, os bombeiros encontraram nesta sexta-feira (6) o corpo de um homem, identidade não informada, que estava soterrado no morro do Macaco Molhado, em Guarujá (86 km de SP). Com isso, sobe para 33 o número de mortos após deslizamentos de terra, ocorridos na madrugada de terça-feira (3), na Baixada Santista.
Quatro vítimas permanecem desaparecidas neste morro do Guarujá, entre elas o cabo dos bombeiros Marciel de Souza Batalha, 46 anos, e o professor de capoeira Rafael Rodrigues, 35.
Além dessas vítimas, outras 46 pessoas permanecem desaparecidas em Santos, São Vicente e Guarujá, cidade mais afetada pelo desastre, onde 38 pessoas permaneciam desaparecidas na Barreira do João Guarda, até a publicação desta reportagem.
Segundo a prefeitura de Santos (72 km de SP), o corpo de um homem, ainda não identificado, também foi localizado no final da noite desta quinta-feira (5) no morro São Bento. No mesmo local, no decorrer da semana, também foram localizados os corpos de dois homens, de 20 e 40 anos, e de uma mulher de 39. Quatro pessoas permanecem desaparecidas na cidade.
O capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, afirmou que 41 bombeiros precisaram interromper as buscas no morro de Santos, por volta da 1h30 desta sexta, pois o local estava com “sinais de desabamento”. “Um engenheiro da prefeitura localizou trincas substanciais no terreno, que podia desabar. Por isso, paramos os trabalhos”, explicou. As buscas foram retomadas por volta das 13h.
A prefeitura de São Vicente afirmou que um hotel foi interditado nesta quinta-feira (5), no morro dos Barbosa, por conta do risco de desabamentos. "Além desse imóvel, outros seis continuam sob interdição, sendo cinco casas no Parque Prainha e a clínica de repouso de idosos na Vila Valença", diz trecho de nota.
Defesa Civil vai rever protocolos de ação no Guarujá
Carlos Adolfo Silva Fernandez, geólogo há 30 anos da Defesa Civil de Guarujá, afirmou que o desastre registrado na cidade, no início desta semana, “é sem precedentes” na história do município.
Por causa disso, ele afirmou que o órgão terá de rever seus protocolos de ação, para atuar de forma mais efetiva em eventuais eventos semelhantes. “Nunca passei por isso, para nós da Defesa Civil, com certeza, isso é inédito”, revelou.
Ele explicou que os desbarrancamentos nos morros do Macaco Molhado e Barreira do João Guarda ocorreram “por questões naturais”, e que não estão relacionados à ocupação irregular das regiões.
“Choveu muito acima do esperado e, por isso, a água conseguiu se infiltrar na terra que fica sob as rochas dos morros. Os pontos em que houve desbarrancamento não estavam ocupados”, explicou.
Em cerca de seis horas, acrescentou o geólogo, choveu 282 milímetros, mais do que a média esperada para o mês de março inteiro. “Por causa disso, o solo ficou saturado e os deslizamentos, infelizmente, ocorreram.”
Guarujá é a cidade da baixada santista que mais registrou mortes e desaparecimentos, após a forte chuva que caiu na região na terça-feira.
Fernandes acrescentou que, entre a década de 1980 e 2009, quando foi registrado o último deslizamento, antes dos computados nesta semana, ao menos sete pessoas morreram soterradas na cidade, por causa de fortes chuvas.