Epidemias passadas mostram que coronavírus será controlado
Infectologista diz que medicina enfrentou outras doenças que hoje fazem parte do cotidiano
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A descoberta de um novo vírus e a falta de informações sobre tratamento e cura fazem com que muitas pessoas fiquem assustadas sobre o que pode acontecer. Assim ocorre com o coronavírus Sars-CoV-2. Mas também foi com o influenza H1N1, em 2009, com o zika, em 2015, e com o HIV, no início dos anos 1980.
Quando foram descobertos, esses vírus também provocaram pânico na população, medo de contágio e em alguns casos até preconceito. Mas depois, com as descobertas de medicamentos e tratamentos, as doenças passaram a fazer parte do cotidiano.
O vírus da vez, o SarsCov-2, já matou quase 3.000 pessoas em diversos países, fazendo com que a Organização Mundial da Saúde declarasse alerta “alto”. Também movimentou o mercado financeiro e parou algumas produções industriais.
Foi o suficiente para que muitos brasileiros fossem às farmácias e acabassem com estoques de máscaras e álcool gel na tentativa de se proteger do inimigo invisível e pouco conhecido.
Mas as autoridades de saúde brasileiras garantem que não há motivo para pânico, pois há apenas um doente confirmado no país e o vírus ainda não está circulando. Além disso, 80% dos pacientes apresentam os sintomas leves da doença, chamada de Covid-19.
O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, diz que o alerta feito pela a OMS não é para a população, mas para que autoridades de saúde tomem providências para evitar maior propagação.
“Com a Sars e outras doenças também foi assim: houve um temor no início mas depois teve um enfrentamento e hoje é um vírus comum que faz parte do nosso cotidiano”, diz.
Segundo o infectologista Marcos Boulos, é normal ficar inseguro e se assustar com o que não se conhece. “Mas com o tempo a gente vê que não acontece nada e começa a aceitar como mais uma doença da nossa vida”, diz o infectologista, integrante do Centro de Contingência do Coronavírus, criado em São Paulo.
Boulos lembra do caso da Aids. Na época não se sabia nada sobre a contaminação pelo vírus HIV. Mas após pesquisas descobriu-se o tratamento e hoje convive-se com o vírus sem desenvolver a doença.
Mas nem sempre foi assim. Boulos afirma que a gripe espanhola, que matou ao menos 25 milhões na Europa no século passado é o que atualmente chamamos de H1N1. “O vírus é o mesmo, só que na época não existia tecnologia para descobrir a doença rapidamente, como é possível hoje.”
No caso do Sars-Cov-2, em pouco mais de um mês pesquisadores já conseguiram identificar a sequência genética do vírus, possibilitando o diagnóstico e tratamento da doença.
Ansiedade com doença nova
O psicólogo Eduardo Fraga, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, diz que uma doença nova pode trazer ansiedade e medo, porque ainda não se sabe quais as consequências que ela pode provocar.
“O desconhecido, a desinformação e o temor da letalidade fazem com que algumas pessoas tenham um zelo individual extremo, deixando de lado outros cuidados com a saúde”, diz.
Segundo o psicólogo, é esse medo e a necessidade de proteção individual que motivam a procura por máscaras, álcool gel e até estocar alimentos sem a real necessidade.
O psicólogo explica que a medida que o tempo passa e as informações ficam mais claras sobre a doença, as pessoas vão deixando de se proteger, como já acontece com a dengue, com o sarampo, a febre amarela e até a sífilis. Por isso, segundo ele, existe a necessidade de campanhas constantes de conscientização.