Descrição de chapéu Coronavírus

Água Rasa lidera mortes por coronavírus em grupos de 100 mil habitantes em São Paulo

Para especialistas, cálculo pode ajudar na definição de políticas públicas contra a Covid-19

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São Paulo

A Água Rasa é o distrito com mais mortes por 100 mil habitantes provocadas por Covid-19 ou por suspeita da doença na capital.

São 38,8 mortes a cada grupo de 100 mil habitantes no distrito da zona leste (veja a estatística de todas as regiões nesta página).

O levantamento tem como base boletim da Secretaria Municipal de Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), com dados até a última sexta-feira (17).

O cálculo é feito com o número de mortos do local, dividido pelo total de habitantes e depois multiplicado por 100 mil. Ele é importante para definição de políticas públicas (leia abaixo).

Ao todo, 32 pessoas morreram na Água Rasa pela doença ou por suspeita dela.

Quando apenas se soma o número total de mortes, a Brasilândia (zona norte) é o distrito com mais casos na cidade, com 54 óbitos.

No cálculo por pelo número de moradores, porém, o índice na Brasilândia cai para 19,2 para cada grupo de 100 mil habitantes.

Um mês após a primeira morte pela Covid-19, em 17 de março, a cidade registrou a média de 16,3 óbitos provocados pela doença ou por suspeita dela para cada 100 mil habitantes.
No ano passado, na média anual, a cidade teve 6,5 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes.

Migração

Os números do cálculo habitacional mostram que os maiores índices de mortes por 100 mil moradores estão concentrados em um pedaço do centro da cidade, com tendência a seguir para a zona leste da capital.

Segundo o médico André Ribas, epidemiologista da Faculdade São Leopoldo Mandic. é de se esperar que o centro das grandes cidades sejam os locais mais atingidos, inicialmente, já que são os mais povoados.

“Mas quando a gente vê a doença se dirigindo para a periferia, vem a percepção de que ela está se espalhando”, afirma. “Um dos desafios será conseguir lidar com a doença quando chegar em locais onde a população possui moradia inadequada”, diz.

Ações

O professor Bernardino Alves Souto, do Departamento de Medicina da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), diz que quanto maior a taxa de mortos por 100 mil, maior o risco.

“Os números absolutos [apenas a soma dos mortos] não permitem comparação, pois é preciso levar em conta a quantidade de pessoas que moram no local”, diz. “Poucos casos podem ter um tipo de gravidade em um bairro populoso e significar uma gravidade maior em regiões com poucos moradores”, afirma.

Este é o caso de Marsilac (zona sul), distrito com apenas 8.400 moradores, mas com índice de 35,6 mortes para cada 100 mil pessoas.

Segundo o especialista, o cálculo por 100 mil habitantes permite que o poder público atue de forma mais rápida e direcionada.

“É possível verificar a forma como a doença se espalha e intervir de forma mais rápida, com testes generalizados, por exemplo.”

Para o professor da UFScar, o Brasil deveria ter pelo menos 80% de isolamento social,. O especialista alerta que o período de quarentena deve ser de, pelo menos, 70 dias seguidos após o primeiro caso, isso para casos em que a medida foi tomada rapidamente. Do contrário, pode ser necessário um período ainda maior.

De acordo com levantamento do governo do estado, gestão João Doria (PSDB), o isolamento na capital paulista nesta segunda-feira foi de 51%. O próprio governo tem 70% como índice ideal.

"Não existe outra forma. Ou fazemos uma quarentena radial ou precisamos testar todo mundo, para ver quem está com a doença, sem sintomas. Se parar com a quarentena, sem testes maciços será gravíssimo", diz

"Precisamos evitar que a pessoa vá para o ventilador mecânico, porque nesses casos, a mortalidade é altíssima. O caminho é isolamento ou exames generalizados", alerta.

O médico André Ribas também reforça a importância do isolamento social. "A gente tem visto que o aumento no número de casos está ocorrendo de uma forma mais lenta. Quando voltar não pode ser um retorno sem nenhum cuidado. De alguma forma será preciso manter as recomendações de higienização e o distanciamento social", afirma.

Resposta

A Secretaria Municipal da Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB) afirma que realizou a capacitação de profissionais da área sobre a situação epidemiológica, manejo clínico, biossegurança, esclarecimento de dúvidas e recomendações técnicas preconizadas pelo Ministério da Saúde.

"Houve intensificação das visitas domiciliares pelas equipes de família com objetivo de trabalho educativo e identificando em tempo oportuno os sintomáticos respiratórios; utilizar as informações das famílias cadastradas pelas equipes da Estratégia Saúde da Família e garantir a vacinação casa a casa para idosos e acamados, além de verificar possibilidade de distribuição de insumos nestas residências", afirma o texto.

Ainda de acordo com a nota da prefeitura "na última semana, a Secretaria Municipal de Habitação iniciou o processo de instalação de 100 pias para a higienização das mãos nas comunidades mais vulneráveis da capital. Os trabalhos começaram na Comunidade Vietnã".

Cada reservatório irá contar com um dispensário para a disponibilidade de sabão líquido para a população. O produto, que ficará com as lideranças comunitárias de cada comunidade, será reabastecido de acordo com a necessidade.

A nota também afirma que está prevista para o mês de maio, a abertura do Hospital Municipal da Brasilândia, na zona norte, com 150 leitos de Unidade de Terapia Intensiva, para tratamento de pacientes atingidos pelo coronavírus na capital.

"No mesmo local, também serão instalados 30 leitos de enfermaria exclusivamente para o tratamento de pacientes de Covid-19. Assim que estiver totalmente concluída, a unidade da Brasilândia será um hospital e maternidade, com 305 leitos e beneficiará 2,2 milhões de pessoas da região", diz a prefeitura, em nota.

Mapa das mortes por covid-19 nos distritos de SP em números absolutos - Arte Agora

Estatísticas

Distrito Mortes Habitantes

Por

100 mil

Água Rasa (zona leste)

32

82.564

38,8

Pari (centro)

7

19.069

36,7

Limão (zona norte)

29

79.657

36,4

Liberdade (centro)

26

72.797

35,7

Marsilac (zona sul)

3

8.426

35,6

Belém (zona leste)

17

49.213

34,5

Vila Formosa (zona leste)

29

94.100

30,8

São Miguel (zona leste)

27

89.173

30,3

Artur Alvim (zona leste)

30

100.462

29,9

Jaçanã (zona norte)

28

96.054

29,2

Casa Verde (zona norte)

25

86.004

29,1

Brás (centro)

9

33.045

27,2

Alto de Pinheiros (zona oeste)

11

40.962

26,9

Campo Belo (zona sul)

17

63.744

26,7

São Mateus (zona leste)

41

155.387

26,4

Santana (zona norte)

28

113.253

24,7

Ponte Rasa (zona leste)

22

89.774

24,5

São Lucas (zona leste)

35

142.948

24,5

Consolação (centro)

14

57.405

24,4

Freguesia do Ó (zona norte)

34

140.083

24,3

Ipiranga (zona sul)

27

112.222

24,1

Cangaíba (zona leste)

32

138.107

23,2

Tucuruvi (zona norte)

22

96.358

22,8

Vila Maria (zona norte)

26

114.025

22,8

Penha (zona leste)

29

129.100

22,5

Mooca (zona leste)

18

80.330

22,4

Cambuci (centro)

9

40.667

22,1

Vila Medeiros (zona norte)

27

123.456

21,9

Vila Matilde (zona leste)

23

105.575

21,8

Lapa (zona oeste)

14

67.170

20,8

Iguatemi (zona leste)

31

149.739

20,7

Santa Cecília (centro)

18

88.518

20,3

Ermelino Matarazzo (zona leste)

24

118.715

20,2

Vila Prudente (zona leste)

21

104.686

20,1

Carrão (zona leste)

17

84.925

20,0

Cachoeirinha (zona norte)

29

146.387

19,8

Aricanduva (zona leste)

17

85.868

19,8

Pinheiros (zona oeste)

13

65.909

19,7

Saúde (zona sul)

26

134.147

19,4

Mandaqui (zona norte)

21

109.228

19,2

Brasilândia (zona norte)

54

281.977

19,2

Tatuapé (zona leste)

18

96.045

18,7

Barra Funda (zona oeste)

3

16.115

18,6

Itaim Bibi (zona oeste)

18

97.229

18,5

Guaianases (zona leste)

20

109.730

18,2

Bom Retiro (centro)

7

38.877

18,0

Moema (zona sul)

16

89.382

17,9

Sapopemba (zona leste)

51

289.759

17,6

Vila Mariana (zona sul)

23

132.226

17,4

Cidade Dutra (zona sul)

34

203.131

16,7

Cursino (zona sul)

19

113.728

16,7

Socorro (zona sul)

6

36.033

16,7

Perdizes (zona oeste)

19

114.788

16,6

Itaquera (zona leste)

35

211.555

16,5

Cidade Líder (zona leste)

22

135.247

16,3

Cidade Tiradentes (zona leste)

37

235.630

15,7

José Bonifácio (zona leste)

21

136.560

15,4

Rio Pequeno (zona oeste)

19

123.711

15,4

Parque do Carmo (zona leste)

11

71.749

15,3

Jaraguá (zona norte)

31

212.819

14,6

Perus (zona norte)

13

89.310

14,6

Vila Guilherme (zona norte)

8

57.079

14,0

São Domingos (zona oeste)

12

86.403

13,9

Tremembé (zona norte)

31

223.553

13,9

Lajeado (zona leste)

24

174.539

13,8

Sacomã (zona sul)

36

263.621

13,7

Pirituba (zona oeste)

23

171.232

13,4

Vila Leopoldina (zona norte)

6

45.092

13,3

Morumbi (zona oeste)

7

52.921

13,2

Vila Jacuí (zona leste)

19

145.836

13,0

Jaguaré (zona oeste)

7

55.192

12,7

Vila Curuçá (zona leste)

19

153.500

12,4

Bela Vista (centro)

9

73.235

12,3

Jabaquara (zona sul)

28

229.346

12,2

Jardim Paulista (zona oeste)

11

90.719

12,1

Santo Amaro (zona sul)

9

74.447

12,1

República (centro)

7

61.832

11,3

Campo Grande (zona sul)

12

106.722

11,2

Sé (centro)

3

26.693

11,2

Capão Redondo (zona sul)

33

296.378

11,1

Jardim Helena (zona leste)

15

135.605

11,1

Jardim São Luís (zona sul)

30

293.660

10,2

Cidade Ademar (zona sul)

29

285.677

10,2

São Rafael (zona leste)

16

159.683

10,0

Vila Sônia (zona oeste)

11

121.663

9,0

Itaim Paulista (zona leste)

21

234.912

8,9

Grajaú (zona sul)

33

390.096

8,5

Jaguara (zona oeste)

2

23.950

8,4

Anhanguera (zona oeste)

7

84.719

8,3

Parelheiros (zona sul)

12

153.598

7,8

Pedreira (zona sul)

12

160.976

7,5

Jardim Ângela (zona sul)

23

338.265

6,8

Raposo Tavares (zona oeste)

7

107.426

6,5

Vila Andrade (zona sul)

10

163.508

6,1

Butantã (zona oeste)

3

53.836

5,6

Campo Limpo (zona sul)

10

228.893

4,4

Mapa das mortes por covid-19 nos distritos de SP em números por 100 mil habitantes - Arte Agora

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