Descrição de chapéu Coronavírus

Donos de animais devem mudar rotina de passeio na quarentena

Recomendação de especialistas é evitar ir para a rua ou ficar o menor tempo possível fora de casa

São Paulo

A pandemia do novo coronavírus exige que donos de pets mudem a rotina de passeios dos animais de estimação. Especialistas e autoridades em saúde orientam evitar a saída com os bichos na rua e, caso não for possível, que durem o mínimo necessário. Os cuidados com higiene, ao se retornar para casa, também devem ser reforçados.

Os cães e gatos, segundo entidades veterinárias, não podem transmitir a Covid-19 nem serem infectados pelo vírus. No entanto, o novo coronavírus pode ser carregado pelos pets em suas pelagens, levando o perigo para dentro da casa de seus tutores.

De acordo com a Coordenação municipal da Saúde e Proteção do Animal Doméstico, gestão Bruno Covas (PSDB), as saídas são recomendadas somente para animais que fazem suas necessidades exclusivamente na rua. Logo após o bicho evacuar e urinar, a orientação é voltar imediatamente para casa.

Antes de entrar na residência, deve-se higienizar as patas do pet com sabão neutro e água. O tutor também precisa retirar calçado e se lavar ao retornar da rua, ainda de acordo com o governo municipal.

Apesar das recomendações, alguns pets não conseguem se adaptar à quarentena, ficando estressados e, em alguns casos, até agressivos.

Ligia Ortega e Claudio Gomes com seu rottweiller Athena, no cruzamento da avenida Ibitirama com avenida Dr. Francisco Mesquita, na Vila Prudente (zona leste de SP) - Rivaldo Gomes/Folhapress

A assistente comercial Ligia Ortega do Nascimento, 39 anos, tentou mudar a rotina da Rottweiller Athena, de um ano e um mês, após a decretação da quarentena no estado de São Paulo, em 24 de março.

A cadela caminha cerca de uma hora e meia por passeio e, nos 15 primeiros dias do isolamento, ficou dentro de casa. “Mas a Athena ficou nitidamente estressada. Pulava na gente e chegou a segurar minha filha de 13 anos, em um dos braço, usando os dentes”, relatou.

A saída foi retomar os passeios com a cachorra, mas em horários estratégicos, para evitar que o bicho entre em contato com pessoas e outros cães, como de manhã bem cedo. Ao chegar em casa após as caminhadas, na Vila Prudente (zona leste da capital paulista), as patas da cachorra são higienizadas com sabão neutro e água.

Dupla de apartamento

Diferentemente de Lígia, o produtor de eventos Evandro Barboza Pixoto, 49, afirmou que a rotina de passeios de sua yorkshire Lolita e do shitzu Kin, ambos 14 anos, não mudou por causa da pandemia de Covid-19. “Como os dois são cachorros de colo, de apartamento, caminho com eles só até a esquina, onde observam a rua e depois voltamos para casa, como sempre fizemos.”

O produtor de eventos Evandro Peixoto, 49 anos, não mudou a rotina de passeios de seus dois pets, ambos de 14 anos, na região do Jardins (zona oeste da capital paulista). Ele afirmou caminhar com a dupla somente até a esquina de casa - Rivaldo Gomes/Folhapress

Ele acrescentou que Lolita é cardíaca e, por isso, não pode se esforçar muito. Já Kin acaba se cansando em casa, com brincadeiras com bola e outros brinquedos. Após os curtos passeios, o produtor garantiu higienizar as patas dos dois pets.

Peixoto mora com seu companheiro, de 65 anos, em um apartamento nos Jardins (zona oeste)

Estratégias para não sair

Helena Candido Fernandes, veterinária especializada em homeopatia, afirmou que o ideal é não sair com pets nas ruas durante o período de quarentena. Porém, ela afirmou ser difícil para os animais lidar com mudanças bruscas em suas rotinas.

A mudança repentina, acrescentou, gera estresse, que pode ser manifestado pelo bicho destruindo móveis, objetos e até, em alguns casos, atacando pessoas que vivem com ele em casa. “Se não houver saída, a pessoa vai ter que caminhar com o pet na rua. Mas recomendo diminuir o tempo e mudar algumas rotinas dentro de casa”, disse a veterinária.

Michele recomenda que tutores pesquisem na internet tutoriais sobre adestramento básico de pets. Isso, segundo ela, ajuda a cansar o animal mentalmente, exigindo menos esforço físico para quando o bicho precisar sair na rua.

Além dos truques, a veterinária acrescentou que usar brinquedos interativos, que podem ser feitos em casa ou comprados em pet shops, ajuda a entreter o pet. Estes brinquedos, basicamente, contam com algum petisco dentro delas pelo qual o bichinho precisa se esforçar para conseguir comer. "O ideal é nunca usar o mesmo brinquedo todos os dias, pois os pets são inteligentes e este tipo de distração não pode virar rotina para eles”, explicou Michele.

Dicas para quando precisar sair com pet na rua

  • Leve saquinho para recolher as fezes e jogue-o no lixo
  • Saia em horários com pouco ou nenhum movimento
  • No retorno para casa, higienize as patinhas do bicho com água e sabão neutro
  • Seque bem entre os dedos do pet, para evitar fungos e bactérias
  • Brinque com o bichinho em casa, para que ele se canse e não precise ir à rua
  • Não use álcool em gel, isso resseca a pata e pode dar alergia
  • Use brinquedos interativos, eles ajudam a cansar o animal
  • Tente ensinar novos truques ao pet, isso também ajuda a cansar

Fonte: Prefeitura de São Paulo e veterinária Helena Candido Fernandes

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