Descrição de chapéu Coronavírus Zona Sul

Vizinhos do aeroporto de Congonhas comemoram silêncio provocado pela diminuição de voos

Segundo Infraero, desde o início de abril foram registrados em média sete pousos e decolagens no local

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São Paulo

O fluxo de passageiros e aeronaves diminuiu no aeroporto de Congonhas (zona sul da capital paulista) em março e, neste mês, chegou a não registrar pousos e decolagens em alguns dias.

Segundo a Infraero (estatal que controla aeroportos brasileiros), desde 28 de março, quatro dias após a quarentena decretada pelo governo estadual, o aeroporto da zona sul registrou uma média de sete pousos e decolagens por dia. No último dia 17 e neste domingo (27), nenhuma operação ocorreu no aeroporto e, no dia 19, foram somente dois pousos e decolagens.

O empresário Carlos Bassi, 57 anos, percebeu nas últimas semanas a diminuição das operações no aeroporto, do qual é vizinho há cerca de 30 anos. Acostumado a adaptar sua rotina ao barulho produzido por aeronaves, o homem admitiu nesta terça-feira (28) ao Agora “estranhar o silêncio” na região.

Terminal do aeroporto de Congonhas, na zona sul de SP, vazio por causa da quarentena do novo coronavírus - Rubens Cavallari/Folhapress

“Assisto à televisão sempre segurando o controle remoto, para aumentar o volume, diminuir, ou ainda ‘pausar’ algum programa ou filme [quando algum avião levanta voo ou pousa]. Agora, não preciso mais disso. Chego até a estranhar essa calma toda”, afirmou.

O empresário acrescentou ser amante de aviões e que gosta de observar e identificar os modelos chegando e saindo do aeroporto. “Antes dos voos diminuírem, eu sabia de cor a rotina de horários de pousos e decolagens”, garantiu.

Passeando com seu cão de estimação, o bancário Leandro Cabral, 36, comemora por conseguir acordar e dormir, ao menos temporariamente, quando bem entender. “O aeroporto é meu despertador. Durmo e acordo com os aviões”, brincou, referindo-se ao horário de abertura e fechamento de Congonhas, entre 6h e 23h.

Ele, no entanto, admitiu ser conveniente para a população contar com um aeroporto dentro da cidade. Cabral mora na região há cerca de sete anos e admitiu que, com o tempo, acabou se adaptando à barulheira das aeronaves. “Só percebo que a região de fato incomoda quando recebo meus familiares, ou amigos, para ficarem em casa. Eles reclamam o tempo todo dos sons dos aviões”, disse.

Telefonemas feitos sem interrupção

A técnica em ergometria Rosana de Almeida Silva, 31, afirmou que, em dias de operações normais no aeroporto de Congonhas, há momentos em que precisa parar de falar com clientes ao telefone, pois não os ouve por causa do barulho dos aviões.

“Não dá nem para contar, de tantas interrupções que são. Mas, desde o início do mês, o trabalho está fluindo. Teve dia que nem ouvi avião voando por aqui”, disse.

Ainda de acordo com a Infraero, foram registrados 12.859 voos, em março deste ano em Congonhas. No mesmo período do ano passado, foram 17.910, uma queda de 28%. O número de passageiros também caiu de 1,874 milhão para 1,028 milhão (-45%).

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