Recuperado, porteiro perdeu 10 kg por conta da Covid-19
Pensei que não iria mais voltar, diz Paulo Cesar de Abreu
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A tosse seca veio no final de março. Após uma consulta pela internet com um clínico geral, o porteiro Paulo Cesar de Abreu, 54, começou a tomar um comprimido, e recebeu um atestado que o isentava de comparecer ao prédio onde trabalha, no bairro Paraíso, zona central da capital paulista.
O sintoma, no entanto, não regrediu. E ele se sentia cada vez mais cansado. No dia 8 de abril, começou a ter dificuldade para respirar. Podia suportá-la se estivesse sentado, mas era impossível se movimentar sem ficar ofegante ou sentir dores no peito.
Dois dias depois, à noite, começou a passar mal. “Era como se eu caçasse o ar, mas nunca o encontrasse. Me sentia sufocado”, relata o porteiro.
A sobrinha de Paulo, Tamara, 27, dirigiu o tio da casa onde vivem, perto do aeroporto de Congonhas, até o Hospital São Paulo, zona sul da cidade. “Pensei que não iria mais voltar. É muita notícia de morte, a gente fica com medo, né?”
O exame para o novo coronavírus deu resultado positivo, mas Paulo não precisou ser intubado, pois tinha bons níveis de oxigênio no sangue. Ficou duas semanas de internação, a primeira em um quarto, e a segunda em uma sala de UTI dividida em oito leitos.
Sem apetite, o porteiro mal conseguia comer e acabou perdendo 10 kg durante o período. Fraco, precisava ter ao seu uma máscara respiratória e um cilindro de oxigênio até na hora de tomar banho. Ele diz que foi tratado com cloroquina, e que foi por causa do medicamento que começou a melhorar.
Paulo acredita que foi infectado no metrô, ao ir ou voltar do trabalho. “Eu não estava frequentando outros lugares. Quando eu precisava ir ao mercado, usava máscara”, conta. Seu irmão, Maurílio, policial civil com 53 anos, também teve sintomas relacionados à Covid-19, porém leves, e não chegou a realizar o teste da doença.
Na semana passada, Paulo voltou a trabalhar, mas precisará voltar mais uma vez ao hospital para fazer exames de monitoramento.
Ele afirma não ter mais nenhuma sequela da doença. No entanto, diz que aprendeu a dar mais valor à vida e a ser mais tolerante com outras pessoas. “Aprendi que quando a gente cai, cai feio, e cai igual rico, igual morador de rua. Não que eu seja uma pessoa ruim, mas a gente sempre pode melhorar.”