Atraso no diagnóstico deixa gerente em estado grave, mas ela dá a volta por cima
Daniele Tourinho Freire ficou internada 13 dias
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Quanto mais cedo se descobre que uma pessoa está doente, a chance de recuperação é muito maior. E muitas vezes sem complicações. Foi isso o que descobriu a gerente comercial Daniele Tourinho Freire, 38 anos, mas da forma errada.
No Dia do Trabalho (1º/5), após ter mexido com cândida no dia anterior, ela diz ter acordado com um quadro semelhante a uma crise alérgica, com a garganta estranha, tosse e nariz coçando. Por via das dúvidas, passou a usar máscara dentro de casa, onde mora com o marido, Mauro, 44, as filhas Isabelle, 16, Laís, 9, e Anne, 2, além dos pais, Clarice, 75, e Tourinho, 72.
Na segunda-feira seguinte, perdeu o olfato e o paladar, e a irmã sugeriu que ela fizesse o teste da Covid-19 na Clínica Fares, na Vila Nova Cachoeirinha (zona norte de SP). Após dois dias, o teste deu resultado negativo.
“Quando deu negativo, eu pus na cabeça que tinha sinusite. Mas continuei mal, com dor no corpo todo, fraqueza e sem conseguir comer nem beber água. Só fiquei no quarto deitada.”
Sem melhorar com os remédios para sinusite receitados, ela voltou ao médico para uma nova análise. Na consulta, Daniele disse que estava com garganta e ouvido inflamados, além de febre.
“Mas o médico falou que o resultado da Covid tinha dado negativo e que eu estava com sinusite mesmo. Nem olhou minha garganta e passou nova medicação. Na hora, nem vi que remédio ele tinha receitado. Só depois que vi que era um que me dava alergia. Então, continuei tomando só antialérgico.”
Sem conseguir dormir de sábado para domingo, ela já não conseguia respirar direito. “Eu não percebi que era falta de oxigênio. Eu tremia quando respirava. Parecia que tinha uma sacola no meio do meu peito. O ar entrava e ficava ali na sacola.”
Após o almoço do Dia das Mães, ela pediu para o marido a levar ao pronto socorro da Santa Casa, no centro da capital. Mas, com muitos pacientes, estava demorando muito para ser atendida. E como sentia muitas dores e frio, resolveram seguir conselho de um irmão dela e seguiram para o Pronto Socorro da Barra Funda.
“Quando expliquei para a enfermeira o que eu sentia, ela já chamou a médica e me mandou tirar um raio-X do pulmão. A médica mandou chamar o meu marido e avisou que eu ia ser internada, porque estava muito mal, com o pulmão bem comprometido. Quando entrei eu já estava alucinando pela baixa oxigenação, mas me socorreram da melhor forma possível”, lembra.
Ela foi, então, levada de ambulância para o Hospital Geral Vila Penteado, onde ficou internada por 13 dias em uma ala destinada aos pacientes da Covid-19.
“Fiquei com máscara de oxigênio o tempo todo. Não conseguia ir ao banheiro nem tomar banho sem levar o oxigênio. Fiz tomografia e todo tipo de exames. Inclusive, fiz o teste do coronavírus com o cotonete, e este deu positivo”, conta a gerente comercial, explicando que ficou a toda hora perguntando qual medicação estava tomando, já que costuma ser alérgica a alguns componentes.
Foi assim que descobriu ter intolerância a um antibiótico, o Rocefin, assim que tomou. E que tomou a controversa cloroquina. Segundo ela, era protocolo do hospital tratar os pacientes da Covid com o remédio, além de antibióticos e anticoagulante.
Em casa, Daniele conta que o marido, a filha mais velha e os pais tiveram sintomas da doença. Mas um irmão, que trabalha no Hospital São Paulo, tratou deles com o remédio Ivermectina e eles se recuperaram rapidamente.
Após receber alta, o que deixou Daniele chateada foi a demora para iniciar o tratamento contra o novo coronavírus. “Se eu tivesse sido atendida com o protocolo da Covid, talvez tivesse me curado mais rápido. Passei dez dias sofrendo. Doía até quando passavam a mão no meu braço. É uma doença silenciosa e bem séria. Eu não tenho diabetes nem pressão alta, mas ela me pegou de um jeito que conseguiu me derrubar.”