Covas desiste de proibir passageiros em pé em ônibus na capital paulista
Prefeito recua em mais uma medida para tentar conter o novo coronavírus na cidade de São Paulo
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A gestão Bruno Covas (PSDB) desistiu da recomendação às empresas de ônibus para que os coletivos rodem somente com passageiros sentados na cidade de São Paulo, com objetivo de reduzir a contaminação por coronavírus.
A SPTrans, responsável por gerenciar o transporte por ônilbus na capital, decidiu revogar a medida nesta sexta-feira (19), após duas semanas de implantação.
A explicação dada foi a de que uma nova consulta à Vigilância Sanitária esclareceu que a posição em que o passageiro é transportado não é o fator mais importante na transmissibilidade da doença, mas, sim, o distanciamento, aliado a hábitos de higiene como lavar as mãos com água e sabão, usar álcool em gel e o uso permanente de máscaras.
A medida vinha gerando polêmica por ser difícil de cumprir. Motoristas e cobradores alegavam que não conseguiam fazer o controle dos passageiros.
Como a reportagem do Agora mostrou, os veículos lotaram logo no primeiro dia útil com a recomendação em vigor. A SPTrans não explicou como vai evitar que os coletivos fiquem lotados.
A polêmica sobre os ônibus lotados provocou a queda do secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caram, após um mal-estar com o prefeito. O chefe do executivo havia afirmado que caso Caram não garantisse que os ônibus circulassem somente com passageiros sentados ate o fim da recomendação começar a valer, outro secretário iria fazer. Caram comandava a pasta desde dezembro de 2018.
Na semana passada, que marcou o início da flexibilização do comércio, a demanda por ônibus aumentou na cidade de São Paulo, fazendo a gestão municipal aumentar para 92% a frota disponível. Isso equivale a quase 12 mil coletivos nas ruas. Em média, o número de passageiros nos coletivos subiu 10%, batendo recorde de lotação durante a quarentena do novo coronavírus.
A SPTrans disse ainda que outras medidas de segurança continuam, como o uso obrigatório de máscaras; marcação no solo nos terminais para sinalizar a distância de um metro entre os usuários nas filas, o que não é cumprido nos horários de pico; higienização dos ônibus entre as viagens, principalmente nos locais onde há contato dos passageiros, como balaústres, corrimãos e assentos; autorização do uso de cortina em "L" para proteção do motorista; entre outras.
Um estudo produzido pela Rede de Pesquisa Solidária mostra que as mudanças operacionais realizadas pelos governos estaduais e municipais no transporte público, como redução na circulação de ônibus, trens e metrô, aumentou o risco de contágio por Covid-19. Essas alterações não acompanharam adequadamente a demanda e aumentaram as lotações dos transportes públicos particularmente nas periferias de grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
Recuos
Esse não foi o primeiro recuo de Covas em ações para tentar conter o avanço da doença na capital, que já provocou a morte de quase 6 mil pessoas na cidade, além infectar mais de 109 mil pessoas, segundo boletim divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde na tarde desta sexta.
No inicio de maio, a prefeitura promoveu bloqueios em ruas e avenidas da cidade pela manhã, mas a medida durou apenas dois dias, pois provocou engarrafamentos nos locais e prejudicou, inclusive, a passagem de ambulâncias.
Na sequência, Covas retomou o rodízio, com regras mais rígidas, como liberação para circulação de veículos com placas final par em dias pares e ímpares, em dias ímpares. Mas a medida vigorou apenas uma semana. O megarrodízio provocou lotação no transporte público.