Mesmo com reabertura, nem todos os locais são seguros para frequentar
Especialistas mantêm recomendação de ficar em casa, mas avaliam que locais oferecem menor risco
Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados
Você atingiu o limite de
5 reportagens
5 reportagens
por mês.
Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login
A flexibilização da quarentena na capital permitiu a reabertura de bares, restaurantes, salões de beleza e parques, entre outros. Mas até onde é seguro frequentar esses locais? O Agora conversou com infectologistas para tirar essas dúvidas. Segundo eles, lugares abertos oferecem menor risco de contaminação, mas é preciso tomar cuidado com as aglomerações.
Os especialistas afirmam que isso não significa que não há risco nos locais abertos. Além disso, fatores como locomoção até o local, evitar aglomerações, uso correto da máscara e socializar somente com as pessoas que já vivem na mesma casa são fatores determinantes para aumentar ou não o risco de contágio.
“Ainda estamos em um período de grande circulação do vírus. A principal forma de contaminação é o contato próximo. Até pode estar permitido ir a um determinado lugar, mas vai existir uma maior chance de contaminação”, diz Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp (Universidade de Campinas).
Para ser baixo o risco de contaminação ao frequentar parques, praias ou praças é preciso ir ao local com transporte próprio, socializar apenas com as pessoas que já moram juntas, usar máscaras o tempo todo e escolher horário em que não exista ninguém ou que existam poucas pessoas, para conseguir manter o distanciamento social.
Segundo Raquel, é importante que as pessoas que decidam frequentar algum dos lugares liberados para funcionamento saibam que existe uma chance maior de exposição ao vírus ao sair de casa. Ela lembra que existem cidades ao redor da capital paulista que apresentam um panorama ainda mais grave da doença.
“Quanto mais fechado o local, maior o risco de contágio”, diz Gloria Selegatto, infectologista do Hospital Sírio-Libanês. Ela ressalta que mesmo em locais abertos não existem garantias. “Segurança adequada só mesmo com a vacina. O ideal é evitar sair de casa”, diz.
Recomendação principal segue isolamento social
Apesar da flexibilização da quarentena que está ocorrendo no estado de São Paulo, ainda não é aconselhável sair de casa para atividades não essenciais.
Para os cinco especialistas ouvidos pela reportagem, não existe local seguro, no momento. Embora os números de casos registrados e de óbitos em razão da Covid-19 não estejam crescendo em alguns locais, eles ainda são considerados altos.
O estado de São Paulo já registra 18.640 óbitos e 393.176 mil casos confirmados do novo coronavírus desde o início da pandemia. Dos 645 municípios, houve pelo menos uma pessoa infectada em 636 cidades, sendo 418 com um ou mais óbitos.
A flexibilização da quarentena já englobou a volta das atividades do comércio, concessionárias de carros, parques, bares, restaurantes, além dos serviços essenciais que já estavam em funcionamento. Também já foi anunciado o retorno das aulas presenciais nas escolas de São Paulo para o mês de setembro.
Além da dificuldade de se fiscalizar as regras de higienização, distanciamento social, horário de funcionamento e quantidade de público, alguns locais apresentam um maior risco por serem fechados e pela possibilidade de gerar aglomerações.
"Sempre dá para a gente torcer a história a nosso favor. É possível encontrar um bom argumento para quase tudo que a gente quer fazer. Resta saber se a gente precisa mesmo fazer tudo aquilo que a gente quer fazer. E medir o risco que isto acarreta, para mim, para o vizinho, para a comunidade", afirma Sumire Sakabe, infectologista do hospital 9 de Julho.
"Em que pese que seja necessário retomar as atividades que geram renda, trabalho, socialização, ainda não é claro se as pessoas que já adoeceram com Covid-19 estão imunes, e em caso afirmativo, por quanto tempo" diz a especialista.
Segundo ela, cabe a cada um ponderar, de forma sensata ao decidir voltar a cada uma das atividades habituais, de trabalho e de lazer. "O que parece claro é que o risco é maior em lugares fechados e com alta concentração de pessoas. É também sabido que pessoas com mais idade, com outras doenças como obesidade, hipertensão, têm risco maior de ficar gravemente doentes", alerta.
Carlos Magno Fortaleza, epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade do Estado de São Paulo) afirma que a flexibilização foi um clamor da sociedade, mas que em alguns locais ocorreu cedo demais.
"A orientação ainda é não sair de casa se não for necessário. Não existe segurança. Sair só para as necessidades básicas, quando possível, e evitar aglomeração".
Academias e bares
Os especialistas concordam que a prática de esportes é importante para a saúde, no entanto, eles ressaltam que a possibilidade de contaminação pelo novo coronavírus ainda é alta.
Para quem pretende frequentar academias diversos cuidados precisam ser tomados. Apenas esportes individuais devem ser praticados. É importante também dar preferência para locais arejados, usar máscara o tempo todo (mesmo durante as atividades) e levar máscaras extras para trocar durante a prática do esporte.
Outras recomendações são manter o distanciamento de outros alunos e de instrutores, dar preferência para horários agendados, e evitar os vestiários.
No caso da natação (em que é impossível usar máscara) manter distanciamento de outros alunos e do professor no momento da preparação para entrar na piscina. Esportes de contato como futebol e basquete devem ser evitados.
Os especialistas lembram também que existem formas de se manter ativo sem sair de casa. "Hoje, entrando na internet, é possível verificar diversas opções de exercícios que podem ser praticados em casa", conta o professor da Unesp Carlos Magno Fortaleza.
Sobre bares e restaurantes, muitas pessoas precisam frequentar estes locais porque voltaram ao trabalho presencial ou já estavam atuando em atividades consideradas essenciais.
Por isso, é importante observar com cuidado na hora de escolher o lugar. A indicação é frequentar apenas locais abertos ou muito arejados, avaliar se o local segue os protocolos de higienização e distanciamento social, evitar locais ou horários com grande presença de pessoas, socializar apenas com as pessoas que moram na mesma casa, retirar a máscara estritamente para comer e beber.
Os especialistas são categóricos em dizer que um possível menor risco de contaminação em locais abertos como parques, praças, praias ou mesmo alguns bares mais arejados não devem servir como desculpa para socializar com amigos e parentes que não vivem na mesma casa.
Organizar festas, churrascos ou mesmo receber um pequeno grupo de amigos em casa é desaconselhável. Segundo os profissionais, o contato humano próximo é o principal fator de contágio.