O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, acredita que o estado de São Paulo deve continuar com índices elevados de mortalidade por Covid-19 até o ano que vem. A declaração foi feita durante um debate online realizado nesta terça-feira (14) pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP.
A estimativa feita por Covas é de que a pandemia continuará em expansão até pelo menos o começo de 2021.“Nós vamos manter essa epidemia por um bom tempo ainda. Provavelmente a taxa de mortalidade também, embora possa até estar estabilizada em um patamar elevado. Nós estamos tendo em torno de 300, um pouco mais de 300 óbitos por dia no estado de São Paulo, o que corresponde a um Boeing 747. Estamos tendo a explosão de um Boeing 747 por dia e pode ser que isso ainda se prolongue até o ano que vem”.
Dimas Covas faz parte do Centro de Contingência montado pelo governo de São Paulo e já coordenou o grupo em um dos revezamentos de seus membros. Ele já criticou publicamente a decisão do Governador João Doria (PSDB) de iniciar a flexibilização da reabertura do comércio no Estado.
Ainda conforme o especialista, apesar de o número de mortes ter caído nas últimas três semanas consecutivas, com a taxa de isolamento entre 40% e 50%, essa é somente uma falsa impressão de platô na curva epidemiológica do coronavírus. Isso porque a média de mortes indica uma estabilidade nos registros no ponto mais alto, e não uma queda. "A taxa de contágio deve se estabilizar somente entre setembro e novembro, fazendo com que a descida da curva ocorra apenas em meados de 2021."
O diretor do Instituto Butantan estima a transmissão ativa com a taxa de contágio acima de um na população de São Paulo ainda para os primeiros meses do próximo ano. Covas disse ainda ser impossível retomar as aulas presenciais em setembro, como anunciado por Doria no mês passado.
Conforme o boletim epidemiológico mais recente divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde, São Paulo acumula 18.324 óbitos confirmados por Covid-19. A taxa de ocupação de leitos de UTI teve alta desde o início da semana e foi para 66,2% no estado e 64,9% na Grande São Paulo.
Questionada sobre as declarações de Dimas Covas, a Secretaria Estadual da Saúde não havia respondido até a publicação desta reportagem.
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