Confira onde ver os filmes do gênio da comédia Oscarito

Uma das principais estrelas das chanchadas brasileiras, ator morreu há 50 anos

O ator Oscarito, uma das estrelas das chanchadas brasileiras, fez mais de 40 filmes - Acervo UH/Folhapress

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São Paulo

As chanchadas não seriam as mesmas se o cinema brasileiro não tivesse se encontrado com Oscar Lorenzo Jacinto de la Imaculada Concepción Teresa Dias, o Oscarito. O ator, um dos principais nomes da comédia do país, morreu há 50 anos, aos 64 anos, mas deixou um legado que deve ser celebrado e visto.

Filho de uma família com 400 anos de tradição circense, Oscarito nasceu em Málaga, na Espanha, e veio para o Brasil quando tinha cerca de 2 anos. Seus pais haviam sido contratados para trabalhar no circo Spinelli, no Rio.

A arte circense corria nas veias de Oscarito. Pequeno, ele participava de um número de acrobacias com a mãe e aos 5 anos integrou uma adaptação de “O Guarani” para o picadeiro.

Também fazia números no trapézio e papéis em comédias. Com a família e o circo, correu o Brasil fazendo apresentações.

Sua carreira começou a mudar em 1932, quando aos 26 anos estreou no teatro de revista carioca. Usou o nome Oscar Brenier, sobrenome francês da família materna.

A peça era “Calma, Gegê”, que satirizava o presidente Getúlio Vargas (‘​Gegê' era o apelido popular do então mandatário). Elogiado pela crítica, foi contratado por uma companhia teatral.

O cinema entrou na vida de Oscarito em 1933, na figuração em “A Voz do Carnaval”, da Cinédia.

Dois anos depois, esteve em “Noites Cariocas”, em que contracenou pela primeira vez com Grande Otelo, que se tornaria seu principal companheiro de tela. Ainda usava o sobrenome materno. Depois veio “Alô, Alô, Carnaval”, com Carmem Miranda no elenco.

Foi o começo de um dos artistas mais populares da história do cinema brasileiro. Nos anos 1940, Oscarito passou a integrar o elenco da Atlântida, principal estúdio de chanchadas brasileiras, onde filmou clássicos como “O Mundo é um Pandeiro”, “Nem Sansão, Nem Dalila”, “Carnaval Atlântida”, “Carnaval de Fogo” e “Matar ou Correr”.

O cinema popular brasileiro levava grandes audiências às salas de exibição. Em 1956, por exemplo, o longa “O Colégio dos Brotos” foi visto por 250 mil espectadores na semana da estreia.

e Oscarito era peça fundamental desse sucesso, com suas interpretações cômicas e brejeiras. “Sou ou não sou o ‘malandro carioca’”, disse ele em entrevista, segundo os arquivos da Funarte.

Além do cinema, Oscarito trabalhou no rádio, compôs músicas para filmes, teve uma companhia de teatro e atuou na série “Trapalhadas de Oscarito”, na TV Tupi.

Após mais de 50 filmes, o ator se aposentou em 1968 (seu último filme pela Atlântida é de 1962). Morreu dois anos depois, depois de ficar dez dias em coma em razão de um AVC.

Os atores Oscarito (à esq.) e Grande Otelo em cena do filme "Dupla do Barulho" (1953), do diretor Carlos Manga - Divulgação

Grande Otelo, o companheiro de mais de 30 filmes

São muitas as duplas de sucesso na história do cinema mundial. Oscarito e Grande Otelo estão entre elas. Os dois atores contracenaram juntos pela primeira vez em 1935, mas a parceria só começou a tomar forma nove anos depois, em “Tristezas Não Pagam Dívida”, de 1944, produzido pela Atlântida. Até ali, Oscarito já havia participado de sete longas e Grande Otelo, de 13.

Foi o início de uma parceria de mais de 30 filmes, com cenas memoráveis. Uma delas, sempre apontada pela crítica, é do filme “Carnaval no Fogo”, em que Oscarito e Grande Otelo parodiam “Romeu e Julieta”, de Shakespeare. Na sequência, Oscarito é um Romeu que se declara embaixo do balcão para a amada Julieta, interpretada por Otelo, com uma peruca loira.

Oscarito em cena do filme "Nem Sansão, Nem Dalila", de 1954 - Divulgação

Paródias de superproduções hollywoodianas eram sucesso

Muitos dos filmes de Oscarito faziam paródias de superproduções hollywoodianas. Em “Este Mundo é Um Pandeiro” (1947), o ator faz uma sátira de “Gilda”, imitando a atriz Rita Hayworth na famosa cena em que ela canta “Put the Blame on Mame”.

Segundo a Cinemateca Brasileira, a interpretação foi comentada até na meca do cinema (em sua carreira, Oscarito recebeu propostas de Hollywood, mas não aceitou).

Em “Nem Sansão, Nem Dalila” (1954), Oscarito interpreta um barbeiro que é levado à Antiguidade por uma máquina do tempo. O filme é uma referência a “Sansão e Dalila”, de Cecil B. de Mille.

Os faroestes também não escaparam das paródias. “Matar ou Correr” (1954), um dos filmes com Grande Otelo, a ‘vítima’ é “Matar ou Morrer”, de Fred Zinnermann.

ONDE VER


Filmes que estão disponíveis gratuitamente no Banco de Conteúdos Culturais da Cinemateca Brasileira, no site http://www.bcc.org.br/

"Fantasma por Acaso" (1944)
"... E o Mundo se Diverte" (1948)
"É Com Esse que Eu Vou" (1948)
"Carnaval Atlântida" (1952)
"Aviso aos Navegantes" (1950)
"Barnabé, Tu és Meu" (1951)
"A Dupla do Barulho" (1953)
"Nem Sansão, Nem Dalila" (1954)
"Vamos com Calma" (1955)
"O Homem do Sputnik" (1959)
"Cupim" (1959)
"Os Dois Ladrões" (1960)
"Entre Mulheres e Espiões" (1962)

Hanuska Bertoia

47 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

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