Confira filmes premiados no Festival de Gramado

Edição deste ano, a 48ª da história, foi confirmada para setembro, mas em formato online e pelo Canal Brasil

44º Festival de Cinema de Gramado
Entrada do Palácio dos Festivais, no 44º Festival de Cinema de Gramado, em 2016 - Edison Vara/Pressphoto/Divulgação
São Paulo

Os organizadores do Festival de Gramado, um dos principais do país, confirmaram a realização da edição deste ano, a 48ª de sua história, em setembro. Inicialmente previsto para agosto, o festival foi transferido para o período entre 18 e 26 de setembro por causa da pandemia de coronavírus, e terá um modelo totalmente online. As mostras competitivas, com longas brasileiros e estrangeiros e curtas nacionais, serão exibidas no Canal Brasil, disponível nas principais operadoras de TV por assinatura do país.

Segundo os organizadores, os filmes também ficarão disponíveis por 24 horas no serviço de streaming Canal Brasil Play. Já a premiação continuará a ser feita no Palácio dos Festivais, em Gramado, seguindo os protocolos de segurança.

Esta não foi a primeira vez que o festival teve de se reinventar. Nos anos 1990, após a produção brasileira cair à míngua por causa da extinção da Embrafilme no governo Collor, Gramado tornou-se internacional, recebendo também obras ibero-americanas. Nesta coluna, lembro algumas dos longas premiados com o Kikito, o troféu símbolo do festival (os preços e a disponibilidade nos serviços de streaming foram consultados no dia 23 de julho).

O ator Paulo César Pereio em cena do filme "Vai Trabalhar Vagabundo" - Divulgação

VAI TRABALHAR VAGABUNDO (1973) 
Esta comédia dirigida e estrelada pelo ator Hugo Carvana foi premiada como melhor filme na segunda edição do Festival de Gramado, em 1973. Infelizmente, o primeiro vencedor, “Toda Nudez Será Castigada”, de Arnaldo Jabor, em 1972, não está disponível nos serviços de streaming. Em “Vai Trabalhar”, Carvana interpreta Dino, um malandro carioca que deixa a cadeia e, apesar do apelo de sua mãe, não quer se emendar. Volta a viver de sua lábia. Logo ao sair da prisão, ele vai ao Jockey Club, onde reencontra o amigo Tainha, que o incumbe de fazer uma aposta. Mas o malandro acaba usando o dinheiro de Tainha em uma noitada e, depois, tem de se virar para pagar a dívida. Para isso, tenta ressuscitar uma dupla de sinuca famosa na boêmia da Lapa carioca. Visto hoje, o filme não resistiu muito bem ao tempo no que diz respeito ao tratamento dado às personagens mulheres e gays. Mas ainda é uma celebração à boêmia e às amizades. De quebra, tem um elenco de peso, com nomes como Odete Lara, Zezé Motta, Nelson Xavier, Paulo César Pereio (foto) e Wilson Grey.

Onde ver
Looke: grátis para assinantes, R$ 4,99 (aluguel) e R$ 19,99 (compra)
Net Movies: para assinantes
NOW: R$ 4,99 (aluguel)
Vivo Play: R$ 6,90 (aluguel)

Cena do filme "A Estrada 47", que retrata os pracinhas brasileiros na Segunda Guerra - Divulgação

A ESTRADA 47 (2013)  
O longa de Vicente Ferraz, vencedor do Kikito de melhor filme em 2014, traz uma história pouco mostrada no cinema nacional, a dos 25 mil pracinhas brasileiros que foram lutar na Itália, na Segunda Guerra Mundial. A trama é uma ficção baseada em relatos de ex-combatentes, a maioria de origem pobre e sem preparo para suportar o inverno europeu. No filme, cinco soldados brasileiros assumem a missão de retirar minas da estrada 47, estratégica para as forças aliadas chegarem a cidades dominadas pelas tropas do Eixo.

Onde ver
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O ator Othon Bastos em cena do filme "São Bernardo" (1971), de Leon Hirszman - Divulgação

SÃO BERNARDO (1972)  
Baseado na obra homônima de Graciliano Ramos, este é um clássico do cinema brasileiro dirigido por Leon Hirszman. No filme, o ator Othon Bastos interpreta Paulo Honório, um caixeiro-viajante obcecado por riqueza que, finalmente, atinge seu objetivo e se torna dono da fazenda São Bernardo, em Alagoas. Em busca de um herdeiro, ele se casa com a professora Madalena (Isabel Goulart), em uma relação sem amor. E as diferenças entre os dois começam a aflorar, pois ela não aceita os métodos do marido. Pelo filme, Bastos recebeu o Kikito de melhor ator na segunda edição do Festival de Gramado, em 1974. O longa também levou o prêmio de melhor fotografia.

Onde ver
Spcine Play: grátis

Cena do filme "Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia"
Cena do filme "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia", de Hector Babenco - Divulgação

LÚCIO FLÁVIO, O PASSAGEIRO DA AGONIA (1977) 
Hector Babenco se baseou no livro homônimo de José Louzeiro para retratar Lúcio Flávio (Reginaldo Farias), famoso ladrão de bancos dos anos 1960. O filme mostra a relação de Lúcio com policiais corruptos, que o torturam e exigem pagamentos por sua ‘liberdade’. E também retrata o chamado Esquadrão da Morte. Formado por policiais, o grupo paramilitar dizia combater o crime, assassinando quem achava suspeito. O longa, que faturou quatro Kikitos, faz um retrato da violência no país e da corrupção policial.

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NOW: R$ 6,90 (aluguel)
Vivo Play: R$ 6,90 (aluguel)

O ator José Dumont em cena do filme "O Homem que Virou Suco", de João Batista de Andrade - Divulgação

O HOMEM QUE VIROU SUCO (1980) 
Deraldo, interpretado por José Dumont, é um paraibano que tenta sobreviver em São Paulo com seus cordéis. Ele vende livrinhos de poesia nas ruas, mas tem as obras apreendidas pela fiscalização. Confundido com um operário que esfaqueou o patrão, ele foge e tenta empregos em canteiros de obras, mas não consegue ‘se adaptar’. Passados 40 anos, o filme de João Batista de Andrade é atual. Mostra como a cidade pode ser dura e preconceituosa com quem veio de fora e vive nas periferias. Dumont ganhou o Kikito de melhor ator em 1981.

Onde ver
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Os atores Antonio Fagundes e Maitê Proença em cena do filme "A Dama do Cine Shangai" - Divulgação

A DAMA DO CINE SHANGAI (1987) 
O diretor Guilherme de Almeida Prado se inspirou nos filmes noir em um longa cheio de mistérios que se passa em São Paulo. Na trama, Antonio Fagundes é Lucas, um corretor de imóveis que um dia entra em um cinema decadente do centro paulistano. Lá conhece Suzana, interpretada por Maitê Proença, uma mulher parecida com a atriz principal do filme que está sendo exibido. O longa faturou sete Kikitos na premiação do Festival de Gramado de 1988, entre eles os de melhor filme, diretor e fotografia e o prêmio da crítica.

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Spcine Play: grátis

Dirigido por Ugo Giorgetti, o filme 'Festa' conta a história de um músico (interpretado por Jorge Mautner), um jogador de sinuca (Adriano Stuart) e seu assistente (Antonio Abujamra) contratados para uma festa de luxo, que nunca conseguem entrar nela
Jorge Mautner, Antônio Abujamra e Adriano Stuart (da esq. para a dir.) em cena do filme "A Festa" - Divulgação

FESTA (1989) 
O cineasta Ugo Giorgetti tem uma carreira com filmes essencialmente paulistanos. Neste “Festa” não é diferente. No longa, dois jogadores de sinuca (Adriano Stuart e Antonio Abujamra) e um músico (Jorge Mautner), contratados para animar a festa de um senador, em um bairro de classe alta, passam a noite esperando serem chamados para se apresentar. Enquanto o ‘andar de cima’ se diverte, eles tentam quebrar algumas regras (como a de não poder comer e beber) e matar o tempo.

Onde ver
iTunes: R$ 4,90 (aluguel) e R$ 9,90 (com.)
Google Play: R$ 3,90 (aluguel) e R$ 12,90 (compra)
Looke: R$ 3,99 (aluguel) e R$ 14,99 (compra)
NOW: grátis no Looke
Vivo Play: grátis para assinantes do Canal Brasil

Hanuska Bertoia
Hanuska Bertoia

47 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradicional.

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