Nove cidades da Grande SP já confirmam que só voltam às aulas em 2021

Juquitiba, ao contrário, planeja reabrir escolas neste ano e já tem data para professor voltar

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São Paulo

Na Grande São Paulo —composta por 38 municípios, além da capital— nove cidades já confirmaram que as aulas presenciais só retornarão no ano que vem.

Cotia, Itapevi, Mairiporã, Mauá, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Santo André ainda não definiram uma data específica para a volta às atividades escolares, mas o planejamento das prefeituras é que isso ocorra somente em 2021.

No entanto, embora as nove cidades tenham divulgado adiamento das aulas presenciais municipais, nem todas proibiram o retorno nas redes estadual e privada de ensino.

Enelis Ferrante Sacek, 35 anos, com os filhos Luís Felipe e Izabel; ela é contra a volta às aulas neste ano - Rubens Cavallari/Folhapress

Em Ribeirão Pires, por exemplo, a determinação é valida para escolas municipais, estaduais e particulares. Já em Osasco, a orientação sobre a volta às aulas em 2021 é válida apenas para a rede municipal. Segundo a prefeitura, “a rede particular de ensino poderá seguir as recomendações do Plano São Paulo, que prevê a retomada de atividades em [7] de outubro”.

Apesar de o governo João Doria (PSDB) ter autorizado essa reabertura parcial das escoas em setembro e determinado a volta às aulas presenciais para 7 de outubro, é preciso haver também liberação das prefeituras.

Das cidades da Grande SP, cinco não responderam ao questionamento da reportagem: Itaquaquecetuba, Salesópolis, Ferraz de Vasconcelos, Embu-Guaçu e Franco da Rocha.

Outros municípios ainda não definiram quando os estudantes poderão frequentar as salas de aula. Somente Juquitiba confirmou que pretende liberar aulas presenciais ainda em 2020.

Segundo a prefeitura, “existe um planejamento de retorno às atividades presenciais, ainda em setembro, conforme liberação do governo estadual. Planejamos para os [próximos] dias 16, 17 e 18 o retorno dos professores que não fazem parte do grupo de maior vulnerabilidade. E a partir de 21, abriremos as escolas para atendimento de reforço, sendo esse opcional para as famílias dos alunos”, diz nota da gestão Ayres Scorsatto.

Na capital paulista, o prefeito Bruno Covas (PSDB) disse na semana passada que vai esperar a realização de um inquérito sorológico com alunos das redes estadual e particular, que deve ser realizado em meados deste mês.

A prefeitura já fez duas testagens com alunos da rede municipal. Uma das preocupações da gestão é em relação aos estudantes assintomáticos.

Preocupação

A dona de casa Enelis Ferrante Sacek, 35 anos, moradora do ABC, prefere que as crianças não voltem às aulas presenciais, pois teme os riscos de contaminação pela Covid-19.

Ela também acha que o ano letivo não deve continuar, mesmo com ensino remoto.
“Acredito que as aulas devem ser canceladas. O sistema online é importante, mas inviável e cansativo”, conta a mãe de dois filhos.

O Luís Felipe, 8 anos, estuda em uma escola que tem terapia já que o menino precisa de atenção especial por causa de transtorno do espectro autista, e a Izabel Cristina, frequenta escola regular.

“Este tem sido um ano em que os professores acabam orientando os pais, que mediam as práticas pedagógicas com os alunos. Isso provoca estresse e depressão para todos”, diz.

A dona de casa de Mauá Evelyn Tortelli Rodas Ghizzi, 31, mãe da Júlia, 9, também não quer o retorno. “Acho que não mudará nada voltar às aulas no fim do ano”, afirma.

Retorno não será simples, diz educadora

Mais importante que estudar o retorno das aulas do ponto de vista pedagógico é analisar que a pandemia de coronavírus pode colocar em risco as crianças e as pessoas que convivem com ela em um retorno presencial, avalia a professora da faculdade de educação da Unicamp (Universidade de Campinas) Maria Marcia Sigrist Malavasi.

“Quanto mais tempo demorar realmente é pior para o ensino, mas não devemos pensar nisso. Os países que retornaram às aulas tiveram problemas. Me parece inadequado voltar”, afirma.

A professora, que tem doutorado em Educação pela própria Unicamp, explica que quando ocorrer a volta às aulas definitivamente será necessário realizar um planejamento para avaliar os prejuízos educacionais sofridos a parada.

“O retorno não é simples, é preciso fazer um trabalho muito bem feito para entender o que as crianças aprenderam ou não no período de aulas on-line”, conta. Ela também enfatiza que aulas virtuais são um paliativo, mas só para quem tem os equipamentos necessários à disposição “e sabemos que não é a realidade da maioria dos alunos”.

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