Quarentena em SP completa 6 meses e doença ainda desafia cotidiano
Diante do fechamento e reabertura das cidades, supervisor da UTI do Hospital Emílio Ribas conta como profissionais da saúde aprenderam a lidar com a doença
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A quarentena por causa da Covid-19, implantada no estado de São Paulo pelo governador João Doria (PSDB) em 24 de março, completa seis meses nesta quinta-feira (24) e a doença continua provocando desafios tanto para quem está na linha de frente no combate ao vírus quanto a quem planeja a volta da normalidade na vida das pessoas.
No início, houve o fechamento quase que total de comércios e serviços. Ruas ficaram vazias, e a cidade de São Paulo registrou 0 km de congestionamento em pleno dia útil naquele fim de março.
Aos poucos, parte do cotidiano voltou ao normal neste período, mesmo com número alto de casos e mortes. Os trens do metrô, que em abril transportaram cerca de 46 milhões de passageiros, no fim de agosto já levavam 90 milhões, número ainda bem abaixo dos 208,4 milhões de agosto do ano passado, mas o dobro do início da paralisação de boa parte das atividades no estado.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) deve definir apenas nesta quinta as regras para reabertura de equipamentos culturais, como cinemas, teatros museus, mas ainda sem data.
As escolas, fechadas desde março, devem começar lentamente a receber alunos a partir de outubro na capital. Em algumas cidades, alunos já voltaram às salas para aulas extracurriculares, ainda sob a dúvida se a presença de estudantes nos colégios vai fazer a proliferação do vírus voltar a crescer e retomar o drama de médicos nas UTIs lotadas —a taxa de ocupação nas unidades de terapia intensiva administradas pela Prefeitura de SP hoje está em 37%, mas os leitos chegaram a quase lotar.
Um dos que viu tudo isso de perto foi o médico Jaques Sztajnbok, supervisor de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Emílio Ribas. Ele relata como foi conviver com leitos cheios e com os desafios provocados por uma doença que há pouco tempo era desconhecida até para profissionais experientes como ele.
Com 28 anos de profissão, o médico afirma não ter visto algo parecido com o que a pandemia da Covid-19 tem exigido. "É a pior situação epidemiológica que tivemos aqui. Nenhuma atingiu essa magnitude", conta o supervisor do hospital público estadual da zona oeste da capital, uma das principais referências em atendimento de pacientes com doenças infecciosas no Brasil.
"De repente, o hospital inteiro foi tomado por uma única doença", conta. Atento ao que acontecia em outros países onde a pandemia estava em estágios mais avançados, como a China e Itália, o médico afirma que o aprendizado ocorreu durante o processo de combate à doença.
"O que me marcou muito foi o volume avassalador de casos que tivemos de enfrentar. Isso impacta em quem está na linha de frente", diz Sztajnbok.
Outro ponto de estresse é que os médicos ficaram muito expostos, ao longo destes seis meses, a uma contaminação pela doença. "Tivemos que conviver com o contágio da própria equipe", relata supervisor de UTI do hospital Emílio Ribas.
Ao longo dos meses ocorreram também mudanças nas estratégias de tratamento. Na ventilação, como, por exemplo, evitou-se intubar precocemente os pacientes. "A gente tenta, quando possível, utilizar intubação não invasiva. Tudo isso foi incorporado nos últimos três meses", explica o supervisor de UTI do hospital Emílio Ribas.
Ele afirma ainda que a maioria da população está usando máscaras de proteção, um dos bons ensinamentos destes seis meses de quarentena, e, para ele, este é outro fator importante neste processo de estabilização da Covid.
QUARENTENA EM NÚMEROS
Estado de São Paulo
34.492
mortes
951.973
casos
Capital paulista
13.463
mortes
321.633
casos