Carro envolvido em morte de ciclista em SP foi multado por excesso de velocidade
Hyundai Tucson supostamente guiado por microempresário estaria a 93 km/h após o acidente
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Uma câmera de monitoramento registrou o carro que atropelou e matou a ciclista Marina Kohler Harkot, 28 anos, trafegando a mais de 90 km/h na avenida onde ocorreu o acidente, na madrugada do último dia 8, em Pinheiros (zona oeste da capital paulista).
O delegado Flávio Luiz Teixeira, titular do 14º DP (Pinheiros), afirmou neste domingo (15) ao Agora que o Hyundai Tucson, supostamente guiado pelo microempresário José Maria da Costa Júnior, 33, foi multado após ser flagrado a 93km/h na avenida Paulo 6º, região do Sumaré (zona oeste). O limite da via é de 50 km/h.
A infração ocorreu na altura do número 1.230 da avenida, a cerca de cinco quilômetros de distância do local do atropelamento. Uma câmera da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou o Hyundai em alta velocidade. Segundo investigação da polícia, a infração teria ocorrido após o atropelamento da cicloativista. Costa Junior foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção) e omissão de socorro.
Após isso, segundo outras câmeras de monitoramento, o suspeito deixou o carro em um estacionamento, ao lado do prédio onde mora, na Consolação (centro). Em seguida, ele vai até seu apartamento, acompanhado de uma mulher. Junior sorri para a acompanhante, segundo as imagens.
Cerca de dez minutos depois, ambos retornam ao estacionamento, onde uma pessoa coberta por um pano pega algum objeto no carro de Júnior. Além do microempresário e a mulher, a polícia investiga um terceiro suspeito, que estaria no veículo no momento do acidente. Caso for constatado que havia mais pessoas no carro, elas serão responsabilizadas também pela omissão de socorro, explicou o titular do 14º DP.
O percurso feito pelo microempresário foi registrado por câmeras desde o momento em que ele foi a um bar, na Vila Madalena, na zona oeste paulistana. Segundo as imagens, Júnior desembarca do Hyundai às 19h50, entrega a chave ao manobrista e vai para um bar. A polícia analisa as imagens.
Perto da meia-noite, ele retorna ao estacionamento acompanhado de uma mulher, que seria a mesma a aparecer com ele nas imagens captadas no elevador posteriormente. Minutos depois, houve o atropelamento, a cerca de três quilômetros de distância do local onde o suspeito pegou o veículo.
Júnior teve o pedido de prisão preventiva negado pela Justiça, na noite de sexta-feira (13). A decisão seguiu a manifestação do Ministério Público pelo indeferimento da solicitação, feita pela Polícia Civil.
Ele se apresentou no 14º DP, no último dia 10, e se negou a prestar depoimento sobre o caso, sendo liberado em seguida. O suspeito não foi preso por causa da legislação eleitoral, que impede detenções cinco dias antes e 48 horas após o primeiro turno, ocorrido neste domingo. Exceções ocorrem em flagrantes, o que não é o caso do microempresário.
Em entrevista ao Agora, publicada na sexta, a bióloga Maria Claudia Mibielli Kohler, 56, mãe da cicloativista, afirmou que a família vai brigar na Justiça para que Junior seja responsabilizado.
O acidente gerou protestos em ao menos seis estados brasileiros, incluindo São Paulo, onde Marina morava, e Rio de Janeiro, onde ela nasceu.
Defesa confirma que suspeito foi ao bar e não bebeu
O advogado José Miguel da Silva Júnior, defensor do motorista, afirmou neste domingo ao Agora que seu cliente foi ao bar da Vila Madalena antes do acidente, mas não teria consumido bebidas alcoólicas.
“Ele tem um problema no fígado que se caso ele beber [álcool] se complica. Ele toma até remédios”, disse o defensor, sem especificar o eventual problema hepático e quais medicamentos o microempresário toma para isso.
Sobre a multa e o registro feito pela câmera da CET, que flagrou o carro que atropelou Marina a 93 km/h, o advogado afirmou “ser perfeitamente normal” o veículo estar em alta velocidade “dentro do pânico [do suspeito] em sair do local. Isso não quer dizer que ele atropelou em alta velocidade”, ponderou o defensor.
Junior alega ter se distraído, segundo a defesa, quando mexia em um aplicativo de navegação no celular, não vendo Marina e atropelando-a. Sobre ele ter omitido socorro, o defensor afirmou que “ele ficou desesperado” após atropelar a vítima.