Motorista acusado de atropelar cicloativista diz que não tinha noção do ocorrido
Ele pediu perdão à família de Marina Kohler Harkot e disse que sorriu no elevador para acalmar a mulher que o acompanhava
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Em seu primeiro pronunciamento após o atropelamento que matou a socióloga e cicloativista Marina Kohler Harkot, 28 anos, o microempresário José Maria da Costa Júnior, 33, afirmou que não teve noção do que aconteceu no local e não sabia se alguém estava machucado ou se o que acontecera era uma tentativa de roubo ou outra coisa.
"Espero que a família dela me perdoe, que aceite o meu pedido de perdão", disse ao Fantástico na noite deste domingo (15).
Júnior dirigia o Hyundai Tucson que atropelou Marina há uma semana na avenida Paulo 6º, na zona oeste de São Paulo. Ele fugiu sem prestar socorro.
Na entrevista, o motorista contou que estava com mais duas pessoas no carro e que nenhuma delas pensou em parar para prestar socorro à ciclista, alegando falta de conhecimento sobre o que havia acontecido.
Júnior afirmou também que não viu a cena da tragédia pelo retrovisor, mas, ao mesmo tempo, disse ter acreditado que outras pessoas presentes no local socorreriam Marina.
Ele relatou que no dia do atropelamento havia encontrado amigos em um bar, mas não bebeu. Segundo Júnior, a garrafa de vinho citada por testemunhas do estacionamento onde o carro foi localizado, na região central de São Paulo, foi pega no apartamento após o atropelamento.
Na avenida em que Marina foi atropelada, o motorista disse que acabara de reduzir a velocidade, ouviu uma buzina do veículo que estava atrás, acelerou e ficou em dúvida se poderia atravessar o cruzamento.
"Aí vi alguma coisa na minha frente", afirmou. Era Marina, que fazia de bicicleta o percurso entre a casa de uma amiga e a sua própria casa.
De acordo com a policial militar Mariana de Morais Braga, que tentou socorrer a cicloativista, a avenida estava muito iluminada. "Com certeza ele viu a Marina", afirmou ao Fantástico.
Segundo o depoimento da policial, é provável que a cicloativista tenha batido a cabeça primeiro no vidro do veículo e depois na mureta lateral da avenida. Marina, segundo a policial, estava sem capacete de proteção.
A cicloativista conversou com o marido, Felipe Burato, pouco antes do atropelamento, ocorrido no início da madrugada de domingo (8). Ela avisou que logo iria para casa. Como demorou, ele fez várias tentativas de contato até ser atendido por uma policial no celular de Marina.
"Cheguei na delegacia e os policiais me falaram: foi atropelada e faleceu no local. A gente está atrás do cara".
Na entrevista, o motorista da Hyundai tentou justificar o fato de aparecer sorrindo no elevador do prédio em que mora, pouco depois do atropelamento. Ele alegou que tentava acalmar a mulher que o acompanhava.
O delegado Flávio Luiz Teixeira, titular do 14º DP (Pinheiros), afirmou neste domingo ao Agora que o Hyundai Tucson foi multado após ser flagrado a 93km/h na avenida Paulo 6º. O limite da via é de 50 km/h. Segundo investigação da polícia, a infração teria ocorrido após o atropelamento.
Para o marido de Marina, apesar de o motorista ter de responder pelo que aconteceu, a justiça vai ser feita quando os carros não forem mais "os donos das ruas".
"Depois de um episódio desse, isso não pode ficar assim. Os gestores têm que ter um olhar diferente sobre isso, sobre a cidade, sobre a gentileza", defendeu a bióloga Maria Claudia Mibielli Kohler, 56, mãe da ciclista, também em entrevista ao Fantástico.
Júnior teve o pedido de prisão preventiva negado pela Justiça na noite de sexta-feira (13). A decisão seguiu a manifestação do Ministério Público pelo indeferimento da solicitação, feita pela Polícia Civil.