Um em cada cinco pacientes internados por Covid na capital paulista mora em outra cidade
Em abril, 13% dos hospitalizados moravam em municípios vizinhos; taxa agora é de 23%
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O índice pessoas de outras cidades internadas na capital por Covid-19 passou de 13%, em abril, para 23% no início de dezembro, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB). Dos 3.458 hospitalizados na terça-feira (1º), 808 moravam em outros municípios, enquanto 2.650 eram residentes da cidade de São Paulo.
Pacientes de Guarulhos, Osasco e Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo, lideram a lista, com 205 internados, o equivalente a 5,9% do total.
O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, fundador da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e professor da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que o índice de 23% de internação por Covid-19 de pacientes de outras cidades acende um sinal vermelho na capital. “É preocupante, pois a taxa média histórica é de 15%. É preciso pensar na abertura de novos leitos”, explicou.
No fim de junho, quando a prefeitura de São Paulo desativou o hospital de campanha que funcionava no estádio do Pacaembu, a taxa de ocupação dos leitos de enfermaria era de 48%. Na ocasião, a administração municipal atribuiu o encerramento das atividades à queda nos
índices de utilização.
Na última terça-feira, essa taxa chegou a 55%. Ainda assim, Vecina Neto é contra remontar os hospitais de campanha. “São estruturas caras que não permanecem como legado. O ideal é transformar leito normal em leitos para Covid. Ou mesmo montar novos leitos que depois vão ser incluídos no sistema de saúde.”
Durante a campanha eleitoral e mesmo após reeleito, Covas alegou que a capital permanecia em estabilidade na evolução da pandemia. No início da semana, no entanto, o governador João Doria (PSDB) anunciou o endurecimento da quarentena em todo o estado.
Nesta quarta-feira (2), as taxas de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) eram de 60,1% na Grande São Paulo e 53,1% no estado. Há um mês esses índices estavam em 41,4% e 39,4%, respectivamente.
Doria participou nesta semana de videoconferência com prefeitos e autoridades de saúde de 62 municípios para discutir medidas para conter o aumento de casos e internações.
Índice não preocupa, diz infectologista
O infectologista Marcos Boulos, integrante do Centro de Contigência do Coronavírus e professor sênior da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que o índice de 23% de internação de pacientes de outras cidades na capital por Covid-19 não preocupa.
“Temos condições de atender os pacientes que procuram o sistema público e mesmo na rede privada da cidade de São Paulo. Isso não é assustador”, disse.
Para o infectologista, é comum um morador de Guarulhos, por exemplo, que more perto de São Paulo, procurar uma unidade hospitalar da capital. “O contrário também ocorre, há pacientes da capital em hospitais da Região Metropolitana, apesar de que o contrário seja mais comum”, afirmou o infectologista.
Resposta
A Secretaria de Estado da Saúde informou que a capital concentra a maior rede de saúde do Brasil e tradicionalmente recebe pacientes de outras localidades. Lembrou ainda que o SUS é um direito universal, previsto em constituição. Portanto, todo cidadão pode ser atendido em qualquer serviço de saúde independentemente de seu local de moradia.
A pasta diz que monitora ininterruptamente —junto com o Centro de Contingência de Coronavírus, a situação epidemiológica do estado. As informações são usadas para determinar estratégias para enfrentar a pandemia, inclusive com ativação de mais
leitos se necessário.
A Secretaria de Saúde de Guarulhos confirmou que o prefeito, Gustavo Henric Costa (PSD), solicitou mais 20 leitos para o tratamento da Covid-19 em hospitais do município. As prefeituras e Osasco e Taboão da Serra não responderam até a conclusão desta edição.
Total de pessoas internadas por Covid-19 na capital em 1º/12
Total
- 3.458
Capital
- 2.650 - (77%)
Outras cidades
- 808 - (23%)
As 10 cidades com mais pacientes internados na capital por Covid-19 *
Guarulhos: 79
Osasco: 71
Taboão da Serr: 55
Santos: 43
Santo André: 42
São Bernardo do Campo: 33
Mogi das Cruzes: 27
Carapicuíba: 26
Diadema: 26
Santana de Parnaíba: 26
* Em 1º de dezembro de 2020
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde