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Endurecimento da quarentena divide opiniões em São Bernardo

Prefeitura diminuiu horário de funcionamento e capacidade de atendimento do comércio

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São Paulo

A entrada em vigor, nesta segunda-feira (30) do decreto municipal que tornou mais rígidas as regras da quarentena em São Bernardo (ABC) dividiu clientes e consumidores de diversas áreas. As novas medidas foram anunciadas na última sexta-feira (27) pelo prefeito Orlando Morando (PSDB).

Apesar de o aumento da rigidez já estar valendo, o movimento na rua Marechal Deodoro, principal via de comércio da cidade, era normal nesta segunda-feira. Pelas novas regras, o comércio em geral, incluindo salões de beleza, tem de fechar às 22h e só pode receber 50% de sua capacidade de público. O mesmo vale pra bares e restaurantes, que não podem ter música ao vivo enquanto o decreto estiver válido.

"O comércio já vem cumprindo as determinações para a pandemia. Não vejo necessidade em aumentar as restrições. Isso vai gerar ainda mais desemprego" comentou o dono de um restaurante na área central do município, que não quis se identificar.

O comerciante Luciano Celebroni, 42 anos, defende as medidas de proteção contra a Covid-19, mas avalia que falta transparência do poder público ao informar sobre a situação do avanço da doença.

"Não sabemos exatamente como está a pandemia. Cada um fala uma coisa. Estamos perdidos", comentou. Ele criticou ainda o fato de as novas restrições terem sido anunciadas depois das eleições municipais.

O prefeito de São Bernardo foi reeleito no primeiro turno, no dia 15, com 67,28% dos votos. No último domingo (29) foi realizado o segundo turno da eleição em 16 municípios paulistas, incluindo a capital. Aliado de Morando, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), também foi reeleito.

"A prevenção é importante. Mas por que essas medidas não foram anunciadas antes da eleição?", questiona o comerciante Zaqueu Santana, 31 anos.

Dono de outro restaurante na região central, Pedro Esteves, 27 anos, admite que o endurecimento da quarentena é prejudicial ao comércio, mas defende as restrições. "Não podemos pensar só na gente. A saúde é mais importante", disse o comerciante, que relatou ter tido uma queda de 70% em seu faturamento desde o início da pandemia.

A esteticista Jéssica Roberto, 27 anos, afirmou ser contrária ao aumento da rigidez da quarentena. "Achei ridícula [a decisão]. Até a eleição estava tudo certo e agora eles [da prefeitura] fazem isso perto do Natal", criticou. Ela informou que seu maior movimento, geralmente, é justamente na época do verão.

Outros setores

O decreto municipal proibiu o funcionamento de cinemas e teatros. No São Bernardo Plaza Shopping, o cinema estava fechado no momento da visita da reportagem, no início da tarde. Entretanto, não havia nenhum aviso informando sobre a suspensão das atividades.

Outro serviço temporariamente proibido é o de valets. Já as academias de ginástica só podem funcionar com 40% de suas capacidades. O uso de piscinas e dos vestiários está vedado. Também não poderão ser feitas práticas esportivas em grupo.

Clientes

A supervisora de caixa Jéssica Ferreira, 26 anos, é favorável às mudanças. "A população não respeita as regras. A medida é necessária para evitar aglomeração", opinou. Para ela, é preciso que o poder público faça uma fiscalização intensa para verificar se as determinações estão, de fato, sendo cumpridas.

A cartorária Luciana Guelli, 38 anos, considera que, diante dos novos casos de Covid-19, o comércio também deveria evitar ações que levem mais gente às lojas. "Fazer black friday nessa época, por exemplo, é um absurdo."

Já a dona de casa Denise Lopes, 22 anos, diz ser contrária à diminuição da flexibilização da quarentena. "Isso é desnecessário e só vai trazer mais desemprego", criticou.

Outro lado

A prefeitura de São Bernardo, gestão Orlando Morando (PSDB), diz que vai acatar as determinações do Estado no que se refere à fase amarela do Plano São Paulo. A decisão será em conjunto com os demais municípios do Grande ABC, que iniciaram diálogo nesta segunda-feira (30/11), por meio do Consórcio Intermunicipal, com o objetivo de obter consenso para funcionalidade de estabelecimentos, como bares e comércios, além de buffets, salões de beleza e academias. Contudo, a proibição de cinemas, teatros, por exemplo, será mantida em São Bernardo. Um novo decreto pautando as novas regras será publicado nesta quarta-feira (2/12).

A gestão afirma ainda que as medidas anunciadas anteriormente não têm qualquer relação com a eleição municipal, encerrada no último dia 15, e ocorreram após análise técnica dos números da pandemia, como aumento do número de casos, crescimento da taxa de ocupação dos leitos hospitalares e da taxa de transmissão do vírus, entre outros.

A decisão também se baseou em relatórios da Vigilância Sanitária municipal, que vem constatando desrespeito crescente aos protocolos sanitários em comércios e estabelecimentos prestadores de serviços, como exigência do uso de máscara e medição de temperatura dos frequentadores.

Presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania) informou por meio de um vídeo que a região irá seguir "todas as determinações" da fase amarela, do Plano São Paulo para contenção ao novo coronavírus.

Maranhão disse ainda que os prefeitos do ABC irão avaliar a situação regional a cada sete dias para determinar os novos passos do combate à doença.

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