Alta da Covid-19 faz crescer o número de enterros em São Paulo

Após pico em maio, foram 6 meses de queda até dezembro, quando sepultamentos voltaram a subir nos cemitérios públicos da capital paulista

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São Paulo

Depois de seis meses de queda, os sepultamentos em cemitérios públicos da capital voltaram a crescer em dezembro de 2020. Foram 5.275 enterros e cremações no mês, 14,25% a mais que novembro —o maior índice desde agosto, com 5.675 registros.

Os números foram obtidos a partir de dados da SMSUB (Secretaria Municipal das Subprefeituras), que administra o Serviço Funerário Municipal.

Questionada se a alta no número de enterros está relacionadas ao crescimento no número de casos do novo coronavírus, a gestão Bruno Covas (PSDB) não respondeu. Mas disse ter implementado uma série de ações ao longo da pandemia, como a contratação de funcionários para os cemitérios.

O período eleitoral e o de compras para o fim de ano, junto a um esgotamento das pessoas com o isolamento influenciaram o aumento de casos e mortes pela Covid-19. A avaliação é do professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, Eliseu Alves Waldman

Há um risco, segundo Waldman, de que o agravamento atual da doença traga uma situação ainda mais complicada que a vivida nos primeiros meses da pandemia. Isso porque, naquela época, parte da população cumpriu isolamento social.

“Os hospitais privados foram protegidos na primeira onda porque a população de alta renda ficou em casa. Agora, passamos a ter um acometimento desse segmento. Temos toda a população atingida ao mesmo tempo, criando um risco mais intenso de colapso”, afirma o médico.

Desde junho, a cidade passou a ver a descida do índice de sepultamentos nos cemitérios públicos. A queda mais acentuada aconteceu entre agosto e setembro: menos 16,9%.

O aumento no indicador no fim do ano também aconteceu em 2019, segundo os dados da SMSUB. Naquele ano, porém, o crescimento foi menor: 6,75% —diferença de 7,5 pontos percentuais. O ano de 2020 terminou com alta de 16,9% na comparação com 2019.

Nos moldes atuais, a situação deve continuar se agravando, diz Waldman. Uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento são medidas para evitar isso.

“Todo mundo está exposto. É preciso ter responsabilidade com a própria vida e com a vida dos outros e respeito com profissionais de saúde, que estão morrendo porque a população não está se cuidando.”

Plano tenta minimizar impacto

Na tentativa de evitar um colapso do sistema funerário devido ao aumento da demanda, o Serviço Funerário Municipal desenvolveu um plano de contingenciamento funerário, que determina ações como contratações emergenciais de funcionários, criação de centro de informação e abertura antecipada de sepulturas.

Com uma média histórica de 240 sepultamentos por dia (entre enterros e cremações), os cemitérios conseguem realizar até 400 sem alterações nas rotinas, diz a gestão Bruno Covas (PSDB).

“A autarquia vem acompanhando os números e, caso haja necessidade, outras medidas serão reconsideradas”, diz em nota.

Atualmente, há 259 sepultadores efetivos e 120 terceirizados. Em maio, eram 264 e 220, respectivamente.

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