UBS do centro de SP é apertada e tem funcionamento improvisado

Unidade no Brás não oferece condições adequadas para o atendimento dos pacientes e não é acessível para deficientes

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São Paulo

A UBS (Unidade Básica de Saúde) Manoel Saldiva Neto, no Brás (região central da capital paulista) apresenta problemas de infraestrutura que comprometem a qualidade do serviço no local. As salas de espera e de atendimentos são apertadas, os consultórios possuem goteiras e marcas de umidade e não há acessibilidade para deficientes.

Os problemas no posto foram comunicados em agosto do ano passado à Secretaria Municipal de Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), por meio de ofício protocolado pelo conselho gestor da UBS. O relatório inclui fotos que comprovam as más condições. A prefeitura admite que está procurando um novo imóvel.

A reportagem do Agora esteve no posto no início de novembro e constatou as irregularidades. Cerca de três meses depois, os problemas permanecem, afirmam funcionários do local.

A unidade funciona no mesmo endereço há pelo menos 30 anos. O imóvel é bastante antigo e não oferece condições adequadas para suportar a demanda. Segundo funcionários, que pediram para ter seus nomes preservados, cerca de 800 pessoas passam pelo posto diariamente.

Escada estreita, que dificulta a acessibilidade, é um dos problemas da UBS no Brás, na região central de São Paulo - Rivaldo Gomes - 6.nov.20/Folhapress

A sala de espera principal é pequena e abafada. Enquanto aguardam ser chamados, os pacientes se espremem nos poucos bancos disponibilizados, contrariando as medidas de prevenção contra o novo coronavírus. Algumas pessoas preferem esperar do lado de fora, em algumas cadeiras colocadas em uma área descoberta na frente do prédio.

Segundo trabalhadores, a falta de espaço coloca pacientes e funcionários em risco de contaminação por diversos tipos de vírus e bactérias, especialmente durante a pandemia de Covid-19.

O local não possui acessibilidade para deficientes físicos e pessoas com mobilidade reduzida. Os consultórios ficam no andar superior. Para chegar lá, é preciso subir uma escada íngreme e estreita, por onde não é possível que duas pessoas passem, uma do lado da outra, ao mesmo tempo. Os banheiros também não são acessíveis. As portas são estreitas e não permitem a entrada de uma cadeira de rodas.

No piso inferior, os atendimentos são feitos de maneira improvisada. Os testes para detecção de Covid-19 são feitos atrás de um biombo localizado ao lado de outra sala de espera. O posto conta com um inalador, que fica na passagem que dá acesso à farmácia. Procedimentos como aferição de pressão também são feitos ali, sem que haja privacidade para o paciente.

O corredor, inclusive, também é foco de problemas. A cobertura é feita por um toldo, que apresenta buracos em vários pontos. Em dia de chuva, quem estiver por ali não tem como se proteger da água. Há também problemas de infiltração e umidade no teto e nas paredes das salas de atendimento. Trabalhadores dizem que também chove dentro desses ambientes.

Diversos serviços, como coleta de exames, aplicação de medicação, realização de curativo e atendimento de urgência e emergência são feitos em uma mesma sala. No espaço onde são administrados os remédios para pacientes com tuberculose, não há pia, o que aumenta ainda mais o risco de infecção.

Em caso de emergência, a unidade também terá problemas, já que não há rotas de fuga. Além disso, há fiação espalhada por diversos pontos.

Uma aposentada de 66 anos, que frequenta o posto há cerca de 30 anos, diz que por ser do grupo de risco para a Covid-19, ela tem medo de ir ao local. "É muito pequeno e as pessoas ficam muito perto. Só venho para pegar remédio", comenta. Ela afirma ter dificuldades quando precisa se descolar ao andar superior.

Resposta

A Secretaria Municipal da Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), disse em nota, nesta quarta-feira (27), que a Coordenadoria Regional Sudeste está realizando buscas por um novo imóvel para o posto, "visando transferir a UBS Brás para um espaço mais amplo". Segundo a pasta, a mudança tem o objetivo de "garantir um espaço mais adequado e acessível para os trabalhadores e usuários".

De acordo com a secretaria, a unidade atende cerca de 32 mil pessoas, incluindo tratamento odontológico e assistência à população em situação de rua. Por mês, segundo a secretaria, são realizadas 1.200 consultas médicas, 1.000 coletas de exames, 260 consultas de pré-natal e 3.800 visitas das equipes de ESF (Estratégias de Saúde da Família).

Em novembro, a pasta disse que havia identificado, dois meses antes, um imóvel para onde a unidade poderia ser transferida e que aguardava o projeto final de engenharia. "O Conselho Gestor da UBS está acompanhando o processo, com visita aos imóveis selecionados e participando das reuniões para a escolha conjunta de um novo espaço", diz a secretaria.

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