Postos de saúde fazem lista de espera para sobras da vacina contra Covid em SP
Objetivo das unidades é evitar desperdício dos imunizantes já abertos e que não foram usados no público-alvo
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Para evitar desperdício as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da capital paulista criaram uma lista de espera para a aplicação de doses excedentes das vacinas contra a Covid-19. A utilização das sobras tem provocado uma corrida aos postos no fim da tarde, com pessoas em busca do imunizante.
A decisão pela criação da lista foi tomada porque os dois fabricantes das vacinas disponíveis no Brasil (AstraZeneca/Oxford e Butantan/Sinovac) possuem frascos com dez doses. Elas têm um período de vencimento depois que a embalagem é aberta: no caso da Coronavac, é de 8 horas. A da AztraZeneca vence em 6 horas. Passado esse tempo, as doses que sobraram têm de ser descartadas.
Resolução da Secretaria Municipal da Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), orienta às UBSs que façam as listas considerando idosos acima de 60 anos e profissionais de saúde que morem nos arredores como prioridades. O texto diz que, caso haja dificuldade para aplicar as doses remanescentes, a unidade procure a Supervisão Técnica de Saúde.
A reportagem do Agora percorreu seis postos nesta semana. Em quatro deles havia lista de espera. A única que não estava aplicando imunizantes excedentes foi a UBS Bosque da Saúde, na zona sul. Uma funcionária disse que não havia sobras, já que o local só tinha recebido frascos com doses individuais, e não multidoses.
Na UBS Sigmund Freud, em Moema (zona sul), não havia lista na última quinta-feira (18). No fim da tarde, uma funcionária informa se, naquele dia, há doses excedentes. Se houver, escolhem na hora quem será imunizado. Por esse motivo, moradores do entorno criaram o hábito de ir todos os dias ao posto para saber se conseguirão tomar a vacina.
As informações a respeito das sobras são conflitantes. Na UBS Vila Bertioga (zona leste), uma funcionária afirmou que pessoas de qualquer idade poderiam ser colocadas na fila.
As listas de espera são longas. Por isso, só podem ser cadastrados cidadãos que morem perto da unidade, segundo uma atendente da UBS Vila Prudente, na zona leste. Na noite de quinta, a lista já tinha 82 nomes de idosos e 56 de profissionais da saúde aguardando doses na UBS Parque Imperial, na zona sul.
Esperança
A possibilidade de antecipar a vacinação contra a Covid-19 levou esperança às pessoas que ainda estão fora do público-alvo da campanha de imunização. Atualmente, o grupo que pode tomar a vacina é composto por pessoas com 85 anos ou mais, profissionais da saúde de hospitais públicos, que trabalhem com diagnóstico de Covid ou que tenham mais de 60 anos, moradores de instituições de longa permanência, indígenas e quilombolas.
Na UBS Sigmund Freud, em Moema (zona sul), há filas diárias de pessoas à espera da imunização. “Eu ligo aqui todo dia para saber se tem sobra. Quero voltar à vida normal”, disse uma dentista de 52 anos, que não quis se identificar.
A industriária Sônia Saad, 63 anos, soube da existência da lista de espera e logo se dirigiu à UBS Vila Prudente (zona leste) para dar seu nome. Ela quer ser imunizada logo para poder viajar aos Estados Unidos, onde moram seus filhos. “Meu neto vai nascer em maio. Quero poder estar lá para o nascimento”, disse.
A Secretaria Municipal da Saúde diz que “nem sempre há doses excedentes”. A pasta não afirma quantas doses, em média, sobram a cada dia e nem quantas foram descartadas. Segundo a pasta, quem tomar a vacina na lista de espera terá segunda dose garantida. “Não há essa distinção na anotação do comprovante”, diz a pasta.