Mesmo com parques fechados em SP, praticantes de atividades físicas tentam aliviar a mente
Praças e o entrono dos equipamentos fechados acabam sendo alternativa para quem quer se exercitar
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Com academias, clubes e parques fechados devido à fase emergencial do Plano São Paulo, muitos paulistanos têm recorrido a ruas e praças da cidade para praticar esportes. Essa é, segundo eles, uma forma de manter e dia a saúde da mente e do corpo. Ciclismo, corrida e treinamento funcional são algumas das atividades vistas em espaços públicos apesar das restrições da quarentena.
Não existe uma proibição para a prática do exercício ao livre fora do horário do toque de recolher, que é das 20h às 5h, contanto que não haja aglomeração. Mas a recomendação das autoridades é para que as pessoas fiquem em casa.
Chiara Ferrarese, 44, caminha e corre três vezes por semana em volta do parque Ibirapuera, zona sul. Para a funcionária pública, o esporte serve especialmente como forma de aliviar a ansiedade. "Só vemos notícia ruim o tempo todo. A gente precisa sair porque é difícil se manter só em casa."
Chiara, contudo, diz que não descuida de algumas regras para evitar se contaminar com o coronavírus: nunca tira a máscara e só frequenta a área durante a semana, quando há menos gente.
Essas são as mesmas regras que o administrador Edmundo Laranjeira, 50, diz seguir quando corre ao redor do parque. "Só depois de um tempo de pandemia foi que tive coragem de voltar a correr. Mas sempre venho de manhã cedo, que é mais seguro." Segundo ele, o melhor horário para fazer o exercício é às 6h30.
Nas calçadas do parque, na manhã desta terça-feira (30), havia muitos corredores e ciclistas. A maior parte deles mantinha distância de outras pessoas e usava máscara, mas também havia aqueles que desrespeitavam as orientações de saúde. "Eu tento fugir da ciclovia porque fica lotada. Tem muito ciclista e corredor sem máscara, então eu fujo", afirma Laranjeira.
De acordo com Rosana Richtmann, médica infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, desde que respeitadas as normas de distanciamento e de uso correto da máscara, a prática de atividades individuais em ambientes abertos é benéfica. Ela mesma, diz, corre na rua.
"Não dá para falar em risco zero, e é por isso que a gente recomenda a máscara e o distanciamento. A minha tendência é sempre procurar lugares vazios para praticar", afirma a médica.
Manter a máscara o tempo todo, de acordo com Rosana Richtmann, é necessário porque, quando uma pessoa pratica uma atividade física, respira com mais intensidade. Se estiver infectada com o coronavírus, as partículas podem ser projetadas para maiores distâncias.
O ideal é que as atividades sejam realizadas em locais e horários alternativos, quando há menos gente na mesma área. Especialmente durante a prática de corrida ou ciclismo, que envolvem velocidade, é recomendado que se mantenha um distanciamento maior que o comumente sugerido para quem está parado, de 2 metros.
Se isso não for respeitado, mesmo que seja ao ar livre, a aglomeração traz riscos de infecção. E também é importante não ficar exatamente atrás de outras pessoas, mas em diagonais, indica Rosana, como forma de sair da área em que a maior parte das partículas expelidas pelo outro pode estar.
"Eu sou a favor da atividade física, tanto para a saúde mental quanto para a saúde física, desde que se tome todos os cuidados", afirma a médica. Ela cita, ainda, que dieta inadequada e aumento de peso —duas fortes características da quarentena— podem ser fatores de risco para a Covid-19.
O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, fundador da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), também não tem objeções contra a realização de exercícios físicos em praças e calçadas.
"Não há problemas, desde que se use máscara e que o distanciamento social seja respeitado. Se houver aglomeração, não pode", diz o médico.
Região do Pacaembu também recebe praticantes
Com receio da aglomeração de pessoas dentro da academia que frequentava, o empresário Peter Sorge, 56, passou a fazer treinamento funcional na praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, zona oeste. Além de ter ganhado peso durante a quarentena, ele diz que passar o dia todo em casa estava causando ansiedade.
A prática, contudo, depende de como está a área. "Se estiver muito cheio, eu prefiro não fazer. É questão de segurança", diz o empresário. Na manhã de terça (30), havia muitas pessoas praticando atividades no local —fosse em aulas em grupo ou individualmente. Por lá, as pessoas mantinham distância umas das outras.
Segundo Rosana Richtmann, no caso de aulas em grupo, como treinamento funcional, o risco é minimizado caso as pessoas permaneçam longe e usem máscara o tempo todo.
"Aumentou muito o movimento depois da pandemia, antes não tinha ninguém, mas sempre tem esse distanciamento entre as pessoas. E eu não dispenso a minha máscara", afirma a empresária Simone Pokropp, 47. Ela diz que realiza treinamento funcional no local todos os dias "há vários anos".
Durante o fim de semana, Simone afirma que prefere correr porque o movimento na praça fica mais intenso. "Mas é melhor que ficar em casa. Tem passarinho, árvore, sem um teto na cabeça. Tanto que chego cedo para aproveitar."
Atividade na fase emergencial
O Agora procurou o governo do estado, a Secretaria de Estado da Saúde e a Secretaria de Esportes do Estado sobre como é feita a fiscalização da prática de atividades físicas em lugares públicos durante a quarentena, mas não teve resposta até a publicação deste texto.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB) afirma que os protocolos de saúde devem ser respeitados para evitar a propagação do coronavírus.
"A orientação é para que as pessoas usem máscaras e mantenham distanciamento social, evitando aglomerações e seguindo as restrições impostas pelo Plano São Paulo", diz o texto da prefeitura.