Uso contínuo de telas em casa para trabalhar traz riscos à visão

Olhar para computador e celular sem pausas a cada 20 minutos pode comprometer os olhos

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São Paulo

Com a necessidade de distanciamento social, o trabalho remoto e as aulas online passaram a fazer parte da rotina de milhares de pessoas na pandemia do novo coronavírus. O maior tempo de exposição a telas e o uso ininterrupto de fones de ouvido são características marcantes do home office e trazem risco à saúde dos olhos e dos ouvidos.

Segundo Victor Cvintal, oftalmologista do Hospital Santa Catarina, a frequência do piscar dos olhos diminui com o uso do computador. A maioria dos indivíduos pisca de 10 a 15 vezes por minuto e essa taxa pode diminuir até 60% durante a exposição às telas, como é caso do uso contínuo de celular, computador ou televisão.

“O problema disso é que o olho não é lubrificado, o que pode alterar a visão e trazer sintomas como ardor e secura”, afirma o médico do Hospital Santa Catarina.

Tais sintomas caracterizam a SVRC (Síndrome Visual Relacionada a Computadores), um fenômeno que também traz consigo irritação, dor, vermelhidão, cansaço dos olhos e sensação de corpo estranho.

Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, estima-se que até 90% daqueles que utilizam computadores por mais de três horas diariamente apresentam algum tipo de sintoma. Pausas são essenciais para prevenir maiores riscos à saúde ocular.

O oftalmologista do Santa Catarina recomenda que um intervalo seja feito a cada 20 minutos, tirando os olhos do monitor e fixando a vista no horizonte por cerca de 20 segundos.

“Uma maneira de reduzir o desconforto é, esporadicamente, fazer um piscar voluntário para diminuir os efeitos do olho seco”, acrescenta Keila Monteiro de Carvalho, oftalmologista e professora da Unicamp. A oftalmologista diz que a distância ideal de visualização da tela é de cerca de 40 centímetros para pessoas com visão normal.

Volume alto nos fones de ouvido prejudica audição

Médicos relatam aumento no número de queixas auditivas na pandemia, principalmente em relação ao uso de fones de ouvido. “Há uma tendência de usar os fones intra-auriculares, que entram no canal do ouvido. Esse uso vai empurrando a cera para dentro do canal, o que leva à formação da chamada ‘rolha de cera’, que dá a sensação de entupimento no ouvido”, diz Paulo Lazarini, otorrinolaringologista e professor da Santa Casa de São Paulo.

Além disso, o médico cita casos de otite externa, uma inflamação no canal externo do ouvido que pode ser causada por um aumento da umidade no local pelo uso dos fones, gerando dor e incômodo. “Utilizar o fone de ouvido com volume muito alto também pode causar dano auditivo progressivo”, diz Lazarini.

Intensidades sonoras elevadas afetam a parte mais interna do ouvido e, a médio e longo prazo, o indivíduo pode ter perdas auditivas graves. “O ponto mais importante é usar fones de ouvido pelo menor tempo possível e sempre com intensidade sonora baixa”, diz Edson Ibrahim Mitre, presidente da Sociedade Brasileira de Otologia.

SAIBA MAIS

O trabalho remoto, conhecido pelo termo em inglês home office, trouxe maior tempo de exposição a telas de celular e computador e uso mais frequente e contínuo de fones de ouvido.

A maioria dos indivíduos pisca de 10 a 15 vezes por minuto e essa taxa chega a diminuir até 60% quando se está encarando uma tela de computador ou celular.

Já em relação ao uso de fones de ouvido, a exposição a sons altos, maiores que 85 decibéis, prejudicam a audição, principalmente quando utilizados por horas seguidas.

Riscos à saúde visual:

  • Síndrome Visual Relacionada a Computadores (SVRC)

O que é: uma série de sintomas visuais, entre os quais cansaço, sensação de corpo estranho, ardência, dor, irritação, vermelhidão, ressecamento e turvação visual

Causa: é causada pelo ressecamento ocular gerado ao encarar telas e se agrava com a diminuição do piscar, pouca ingestão de líquidos e uso de ar condicionado

  • Síndrome do olho seco

O que é: redução na lubrificação ocular

Causa: uso prolongado de telas que gera cansaço visual e diminuição da taxa de piscamento

Riscos à saúde auditiva:

  • Perda auditiva

O que é: perda da audição, que pode ter graus mais leves ou graves

Causa: intensidades sonoras elevadas (som alto) que podem gerar danos irreversíveis às células nervosas da cóclea

  • Otite externa

O que é: infecção da pele do canal auditivo

Causa: o abafamento do conduto auditivo externo pelo uso de fones de ouvido pode trazer umidade persistente que causa a infecção

Cuidados no home office:

  • Usar o computador a um braço de distância do corpo (cerca de 40 a 60 centímetros)

  • Posicionar a tela levemente abaixo da altura dos olhos

  • Ajustar o brilho das telas de computador e celular para que fique o mais próximo possível da luz natural

  • Lembrar de piscar: parece natural, mas há uma tendência de diminuição na frequência do piscar de olhos ao encarar telas

  • Fazer intervalos a cada 20 minutos e fixar o olhar no horizonte por 20 segundos

  • Lubrificar os olhos a cada uma ou duas horas com colírio

  • Se o ambiente for muito seco ou tiver uso constante de ar condicionado, utilizar um umidificador de ambientes

  • Não exagerar no uso de lentes de contato, buscar alternar com o uso de óculos

  • Buscar um fone de ouvido adequado, dando preferência aos modelos de concha (externos)

  • Limitar o volume nos fones de ouvido e nunca utilizar intensidade máxima do aparelho

  • Ter momentos de “descanso auditivo”: fazer pausas de 10 ou 15 minutos da utilização de fones de ouvido

  • Higienizar os fones de ouvido e os guardar em um local seguro de poeira e sujeira

Fontes: Edson Ibrahim Mitre, otorrinolaringologista e presidente da Sociedade Brasileira de Otologia; Keila Monteiro de Carvalho, oftalmologista e professora da Unicamp, Paulo Lazarini, otorrinolaringologista e professor da Santa Casa de São Paulo; Victor Cvintal, oftalmologista do Hospital Santa Catarina; Sociedade Brasileira de Oftalmologia.

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