Capital paulista tem medicamento de intubação para 23 dias, diz secretário
Afirmação foi dita durante inauguração de hospital de transição para pacientes com o novo coronavírus, que teve aglomeração de autoridades
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A capital paulista conta com no mínimo 23 dias de autonomia medicamentos que compõem o chamado kit intubação, constituído por anestésicos e relaxantes musculares, segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido.
Os medicamentos são usados em pacientes com Covid-19 para relaxar a musculatura na intubação,
Aparecido ainda disse que nesta sexta-feira (16) e na segunda-feira (19) o município receberá novos lotes de remédios, que são semanalmente fornecidos por empresas com as quais a prefeitura, gestão Bruno Covas (PSDB), negocia insumos para o kit intubação desde o ano passado.
Na quarta-feira (14), o Cosems (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo) afirmou que 68% dos serviços de saúde do estado já zeraram o estoque e que remédios alternativos, menos modernos, estão sendo usados para supri-los.
“Temos medicamentos com 60 dias, outros com 88, 119, 145 dias de garantia. Nenhum dos componentes do kit intubação está com situação limite abaixo de 23 dias. Todos nossos hospitais estão abastecidos”, afirmou o secretário, em coletiva de imprensa, no hospital de transição Professora Lydia Storópoli, inaugurado por volta do meio-dia desta quinta-feira (15), na região central da capital paulista.
O abastecimento de medicamentos cidade, acrescentou o secretário, não foi comprometido como em outras cidades pelo fato de o município manter, desde 2020, atas de compra com fornecedores.
“Estamos com um controle rígido e diário dos kits de intubação. Temos uma ata, desde o ano passado, com fornecimento regular e semanal de empresas e também fazemos levantamento diariamente sobre as medicações”, disse Aparecido, acrescentando: “não corremos o risco de desabastecimento.”
O secretário estadual da Saúde, Jean Gorichteyn também acompanhou a inauguração do hospital. Ele afirmou aguardar a provável chegada de 2,3 milhões de medicamentos usados para intubação, na noite desta quinta, como anunciado pelo Ministério da Saúde.
Essa quantidade de remédios, destinada a todo o Brasil, porém, abasteceria o estado de São Paulo por somente dez dias, segundo ele. “Não sei qual a parte que será destinada para São Paulo, talvez 20% ou 30%. Sendo assim, teremos medicamentos para somente 48 horas”, explicou, sem especificar quantos dias de autonomia o estado ainda tem para suprir a demanda.
Gorichteyn destacou ainda o fato de, em 42 dias, ter enviado nove ofícios ao Ministério da Saúde, solicitando medicamentos para intubação em São Paulo. No mais recente documento, ao qual a reportagem teve acesso, são pedidos oito tipos de remédios, ao custo de R$ 2.309,172, que durariam somente dez dias.
“Passamos a ter um problema, pois a requisição administrativa requisitada pelo ministério faz com que nós, do estado, como especialmente nossos 645 municípios, não estejamos tendo quantitativo de drogas para muitos dias. Os estoques são para poucos dias. Desta forma, um gesto humanitário é dividir esses pequenos estoques com nossos municípios, de forma rearranjada, como pegando de uma cidade, onde há mais insumos, e colocando em outra”, disse.
Admitindo que o estado “está perto do limite”, o secretário estadual afirmou serem feitas compras emergenciais regulares, para suprir a demanda. “Não queremos chegar, mas estamos perto do limite. Nós precisamos ter fôlego para atender todos os municípios, de forma adequada, para ninguém ficar desassistido. Não adianta correr atrás de oxigênio, de UTI [Unidade de Tratamento Intensivo] e não ter medicamento anestésico. A pandemia não espera”, ressaltou.
Na quarta, o Ministério da Saúde disse que já distribuiu aos estados e municípios mais de 8 milhões de medicamentos para intubação ao longo da pandemia. A pasta ainda afirma que um grupo de empresas vai doar mais de 3,4 milhões de fármacos nesta semana, e que está em andamento dois pregões e uma compra direta via Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).
Hospital inaugurado com aglomeração
Destinado a pacientes com o novo coronavírus, o hospital de transição Professora Lydia Storópoli foi inaugurado, às 12h05 desta quinta-feira, com aglomeração de autoridades, na região da Liberdade.
Com capacidade total para 212 leitos, a unidade começa a operar neste sábado (17), segundo a prefeitura, com dez leitos de UTI, 20 de enfermagem, além de duas salas de estabilização. Até a próxima semana, vão operar no local, segundo o governo municipal, 190 leitos de enfermagem e 20 de UTI. O atendimento será feito por 636 profissionais.
O local, com mais de 10 mil metros quadrados e construído em apenas 18 dias, em parceria com a universidade Uninove, unidade Vergueiro, vai atender pacientes com Covid-19 já internados em hospitais municipais, para darem continuidade aos seus tratamentos. "Não é uma unidade de portas abertas", ressaltou a gestão Bruno Covas.
As obras custaram mais de R$ 20 milhões, sendo R$ 18 milhões desembolsados pela instituição de ensino e R$ 3,5 milhões pelo município, que irá custear mensalmente o hospital com cerca de R$ 8 milhões, enquanto durar a pandemia. A unidade será administrada neste período pela organização social SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina).
Após o fim da pandemia, segundo a Uninove, o local será convertido em um hospital-escola e atenderá pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).
Além dos secretários estadual e municipal da saúde, participaram presencialmente do evento vereadores, deputados e até o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). O prefeito Bruno Covas (PSDB) acompanhou e falou aos presentes por de chamada de vídeo.
"Por meio dessa parceria vamos poder ajudar a população mais carente a ser atendida num hospital como este", afirmou o tucano.
Após a cerimônia de descerramento de placa, as autoridades, muito próximas uma das outras, fizeram uma visita pela unidade.
A reportagem testemunhou algumas pessoas se abraçando, conversando próximas umas das outras e até tirando máscara de proteção, por alguns instantes. O Agora viu ao menos dois médicos se afastando do grupo, comentando negativamente sobre a aglomeração.
O secretário Jean Gorichteyn afirmou que, por causa disso, procurou se manter afastado. "É importante as pessoas terem ciência de evitar aglomerações, especialmente em uma situação como essa, pois é um local em que as pessoas não percebem o risco. Devemos seguir as regras e os ritos de prevenção."
Em nota, a gestão Bruno Covas (PSDB) disse que, além de todos os presentes estarem usando máscaras, optou por evento virtual, com transmissão por rede social, justamente para que o número de pessoas fosse reduzido.