Voltaire de Souza: A César o que é de César
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Chocolates. Festas. Procissões.
É a Páscoa.
Padre Pelozzi dava um suspiro.
—Bella porqueria.
A Covid atrapalha tudo.
—Até a procissó.
Tradição na paróquia de Santa Ismênia.
—Djiuntava tutta la gente.
As instruções eram claras.
—Bingo e sorteio, só se for pela internet.
A sobrinha de Pelozzi se chamava Bárbara.
—Cognesce tutto di computattore.
Seria possível organizar uma procissão virtual?
Bárbara era criativa.
—Cada pessoa paga dez reais para ter um bonequinho…
O bonequinho poderia andar pelo mapa do bairro.
—Se quiser personalizado, paga R$ 50 .
—Bene. E o bacalá?
O bacalhau seria rifado pelo sistema eletrônico.
—A gente pode também esconder ovinhos numa sacristia virtual.
Pelozzi sentiu orgulho da sobrinha.
—Você é uma djênia, Barbarina.
Os interessados esperavam o link para o evento eletrônico.
Foi quando o computador de Bárbara se apagou.
As imagens retornaram em outro espírito.
Orgia romana. Cristãs escravizadas. Bolsonaro vestido de César.
Bárbara se desespera.
—Parece que é vírus.
Em tempos de Covid, pode ser bom manter a fé.
Mas o diabo não respeita feriado.