Voltaire de Souza: A máscara não segura

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Voltaire de Souza

Amizade. Romantismo. Paixão.
Muita gente não percebeu.
Mas nesta semana teve o Dia do Beijo.
João Walter estranhou.
—Ué. E a pandemia?
O namorado dele se chamava Raul.
—Que mania, João Walter.
—Contamina. Não sabia?
—Bom. Mas se o casal está confinado…
—Dia do Beijo é diferente.
O rapaz era romântico.
—Tem de ser de impulso. De repente.
Ele sonhava.
—No meio da rua. Com um desconhecido.
Raul fazia a limpeza do apê.
—Safado. Você é um safado, João Walter.
—Se não for assim, não tem sentido.
Raul terminou a faxina.
—Vem cá, seu prostituto.
O beijo foi longo e satisfatório.
Com direito a selfie.
João Walter colocou a máscara.
—Precisa alguma coisa da farmácia?
—Pasta de dente, João Walter.
A sugestão era sutil.
—Estou com bafo?
—Passa até pela máscara, João Walter.
Lágrimas nasceram naqueles olhos cor de avelã.
—Logo no Dia do Beijo… você jogar isso na minha cara.
No caminho, o posto de saúde.
A vacina da Covid beneficiava o sr. Beraldi.
O beijo de João Walter foi repentino. Cego. Inconsequente.
Com máscara e tudo.
—Vacinou, tá pronto.
A saliva, hoje em dia, tem sabor de liberdade.

Dia do Beijo - Pexels

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