Descrição de chapéu laranjas do PSL

Voltaire de Souza: Chá com torrada

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Voltaire de Souza

Sorte. Números. Esperança. Não basta ganhar na loteria. É preciso lembrar que apostou. Deu no jornal. Prêmio da Mega-Sena é esquecido pelo apostador. O sr. Canuto estava na dúvida. —Será que eu apostei? A memória andava falhando ultimamente. —Cadê o preservativo? A mulher estranhou. —Preservativo? Como assim, Canuto? Ele queria dizer outra coisa. —O comprovante. Canuto abriu a gaveta da cabeceira. —Olha… achei! Está cheio de números. Era a conta com os gastos do cartão de crédito. —Vem, Canuto. Hora do chazinho e do remédio. O olhar do ancião se fixou na parede branca. —Estranho… torrada mais sem gosto. —Você está comendo o guardanapo, meu bem. Mas daquela vez o ancião estava correto. —É a torrada mesmo. E era a Covid. Intubado, ele tentava se comunicar. —Traz a Bíblia… traz a Bíblia. Ele não queria ajuda espiritual. Tinha se lembrado. O comprovante estava enfiado no Livro de Jó. Ele fechou os olhos. Uma grande porta dourada. Joias. Tesouros. O Major Olímpio dava as boas-vindas ao paraíso. —Ganhaste o verdadeiro prêmio, Canuto. O vírus se multiplica. Bobeou, qualquer um é sorteado.
































"Estranho… torrada mais sem gosto." - Unsplash

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