A rede municipal de São Paulo iniciou a semana com ao menos cinco hospitais com 100% de ocupação de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para pacientes com Covid-19. Pouco depois de o país atravessar o pior momento da pandemia, dados da prefeitura indicam retomada nas internações.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os seguintes hospitais estavam com todas as vagas de UTI preenchidas no domingo (23): Arthur Ribeiro de Saboya, Cruz Vermelha, Santa Casa de Santo Amaro, Santa Isabel e Santa Marcelina. Desses, só o primeiro pertence à prefeitura. Os demais foram contratados pela gestão Ricardo Nunes (MDB) para dar conta da demanda. O levantamento diz respeito somente às vagas contratadas nas unidades e não necessariamente à totalidade do estabelecimento.

No dia 23 de abril, um mês antes, três desses cinco hospitais estavam com 100% de ocupação de UTI: Santa Casa de Santo Amaro, Santa Isabel e Santa Marcelina.

De acordo com os boletins diários divulgados pela secretaria, o número semanal de novas contaminações pelo coronavírus na cidade caiu do dia 28 de março até o dia 18 de abril. Na semana seguinte, até o dia 25, houve uma explosão de novos casos, com 212,7 mil registros. De lá até o dia 2 de maio, houve uma queda, para 60,5 mil, e novo decréscimo no dia 9, para 23,4 mil.

Nas duas semanas seguintes, entretanto, os números voltaram a subir, chegando a 26,6 mil no dia 23 de maio.

O médico Marcelo Otsuka, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, chama a atenção para o aumento nos casos, mas evita falar em uma terceira onda da doença. "Nós nunca tivemos a doença controlada, realmente. A gente teve uma redução agora, mas estamos em um nível elevado. Por isso, não acho legal falar em terceira onda."

Otsuka avalia que o país não fez a restrição de circulação de pessoas da maneira adequada. "Continuamos tendo festas, continuamos com o transporte coletivo lotado e tendo alto número de casos. Em nenhum momento fizemos contenção adequada para evitar a transmissão. O reflexo é em torno de duas semanas depois, que é o tempo de infecção e apresentação grave da doença", diz.

Para o infectologista, não é correto colocar a população, quando não respeita as medidas de distanciamento social, como única responsável pela pandemia. "Há falta de orientação, de protocolos, de uma condução adequada e de incentivo governamental para que a população possa ficar em casa e não precise sair para ganhar o pão", comenta.

O especialista acrescenta que a chegada da cepa indiana do vírus ao Brasil é preocupante e critica o baixo número de testes realizados no país. "Com a testagem inadequada, fica difícil saber como estão as variantes."

Resposta

Para dar conta da demanda de pacientes com a Covid-19, a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo diz ter entregado mais de 350 leitos para pessoas contaminadas pelo coronavírus nos últimos dois meses. As vagas foram abertas nos hospitais Cantareira e Profª Lydia Storópoli, além de 40 novos leitos no Hospital Gilson de Cássia Marques de Carvalho. Segundo a pasta, o município tem 1.361 leitos de UTI e 1.332 de enfermaria para a doença.

Taxa de ocupação de UTI na capital paulista

Taxa de ocupação de enfermaria na capital paulista

Em uma semana

Fonte: Prefeitura de São Paulo