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Beleza. Rito. Tradição.
Aproxima-se o feriado de Corpus Christi.
Tempo em que as calçadas se cobrem de flores e serragem.
Preparar a procissão exige capricho e senso estético.
Vem a notícia.
A pandemia proíbe aglomerações.
Padre Pelozzi tomou um gole de vinho.
—Maledetta contaminaçó.
A beata Dolores fazia pressão.
—Contra o Bolsonaro pode, não pode?
—É vero… fizzeram passegiata.
—E para Jesus não pode?
Pelozzi suspirou.
—E il papa anda falando male da dgente.
Verdade. Francisco deu um recado.
—No Brasil, é muita cachaça e pouca oração.
Pelozzi sorriu com tristeza.
—Molto Covid e poca processione.
—É isso, padre.
—O melhore é aceitare la realità.
O cálice de prata ganhou um refill.
—Entrare nella catchaça.
Pelozzi acordou de madrugada com o movimento.
Era a beata Dolores. Decorando a calçada.
Flores vermelhas e brancas traziam uma mensagem.
—Fora Bolsonaro.
São Sebastião apareceu com o corpo crivado de seringas.
O papa aparecia com boné vermelho.
Pelozzi achou melhor dobrar a receita.
—Una dozze de catchaça… e altra di clorocchina.
O ser humano é como um vírus.
Se adapta como pode.