Estudo mostra que vacinação é maior em regiões centralizadas de SP
Segundo a USP, áreas do centro da capital paulista tinham até 100% de vacinados no ultimo dia 12, e na zona leste eram 30%
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Um estudo publicado na última quarta-feira (21) pelo LabCidade (Laboratório de Espaço Público e Direito à Cidade) da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP (Universidade de São Paulo) mostra disparidade na cobertura vacinal contra a Covid-19, com mais imunizados na região central e menos nas periferias.
Na capital, de acordo com o mapa divulgado pelos pesquisadores sobre a aplicação da primeira dose até 12 de julho em pessoas acima de 40 anos, o distrito da Sé, na região central, apresentava índice de até 100% de imunização. Em Cidade Tiradentes, na zona leste, a imunização estava entre 30 e 40%.
Também em 12 de julho, reportagem do Agora mostrou por meio de dados do site “De Olho na Fila”, serviço da Prefeitura de São Paulo que aponta o movimento nos postos de vacinação, que a região central apresentava filas, enquanto na periferia o movimento era bem menor.
Pedro Mendonça, arquiteto e urbanista que participou do estudo, diz que os dados utilizados foram reportados pelas prefeituras para duas plataformas do governo do estado, assim como do Ministério da Saúde. E que eles levaram em conta a região de de moradia dos vacinados.
Segundo os pesquisadores, a base de dados da vacinação está sujeita a inconsistências no envio de dados pelos municípios.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde, gestão Ricardo Nunes (MDB) disse que na cidade as pessoas também podem ser vacinadas contra o novo coronavírus em postos perto do local de trabalho.
“Esse estudo foca grupos etários de moradores das cidades que já poderiam estar vacinados até o dia 12 de julho, de acordo com o cronograma vacinal. E aí percebemos que a desigualdade permanece”, diz.
Um outro estudo do grupo apontou em maio que a vacinação era menor em distritos da capital com mais mortes pela doença.
O pesquisador pontua ainda que cidades como Santo André e Mauá apresentam situações semelhantes à capital, onde a população residente em áreas centrais apresenta um índice vacinal bem maior do que os moradores das periferias.
Algumas hipóteses podem ser avaliadas, afirma Mendonça, como determinantes para explicar essa discrepância. “Alguns bairros são mais ou menos conservadores, pessoas que não conseguem se encaixar na rotina [do dia a dia] o ato de se vacinar e falta de informação do poder público”, afirma.
Para Mendonça, uma solução para melhorar a realidade apresentada pelo estudo é o poder público se debruçar em cima da realidade de cada território, para poder conhecer melhor a população das localidades e adotar estratégias diferentes de vacinação.
“Um exemplo de comunidades com características urbanistas semelhantes, mas com diferenças de vida, são Paraisópolis e Heliópolis. A primeira tem mais trabalhadores do setor de serviços, enquanto na segunda as pessoas atuam mais no setor industrial. E isso vai ao conhecimento do poder público por meio da equipe estratégia de saúde da família", afirma.
Diadema
O estudo aponta Diadema (ABC) e Osasco (Grande SP) como cidades com coberturas vacinais mais homogêneas.
No caso de Diadema, a gestão municipal afirma que cidade possui cobertura de estratégia de saúde da família de 85%.
Segundo Rejane Calixto, secretária municipal de Saúde, a cidade utilizou muito a experiência dos agentes comunitários de saúde para vacinar a população, além da busca ativa dos faltosos e até vacinação nas casas.
“São 90% dos munícipes cadastrados no programa gerenciado pela atenção básica. Além disso, focamos muito na divulgação da importância da vacinação por meio de uma estratégia de comunicação, com faixas nas ruas, redes sociais e ações intersecretariais para atingir o público mais jovem”, afirmou.
Resposta
A Secretaria Municipal da Saúde, da gestão Ricardo Nunes (MDB), diz em nota que não comenta pesquisa cuja metodologia desconhece, mas afirma que foram aplicadas mais de 9 milhões de doses de vacina antiCovid-19 na cidade de São Paulo, entre primeira e segunda doses, além de doses únicas.
“Até o momento, a vacinação de primeira dose e dose única alcançou mais de 76,7% da população elegível, acima de 18 anos”, afirma trecho da nota.
“A campanha de imunização contra a Covid-19 segue critérios estabelecidos pelo Programa Nacional de Imunizações e pelo Programa Estadual de Imunizações.”