Os postos de vacinação contra a Covid-19 da região central da capital paulista e bairros de padrão mais elevados registraram maior incidência de grandes filas em relação aos extremos da cidade, tais como zonas sul e leste. É o que revela apuração da reportagem e informações disponíveis no site "De Olho na Fila", serviço da Prefeitura de São Paulo que mostra o movimento nos locais de vacina .
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, da gestão Ricardo Nunes (MDB), uma das explicações é que isso ocorre pelo fato de bairros localizados nas regiões periféricas da cidade contarem com mais UBSs (unidades básicas de saúde) em relação aos do centro. Exemplo disso é que em quatro bairros da região central estão instalados dez postos de vacinação, enquanto Itaquera, na zona leste, tem nove.
O fato de pessoas irem às unidades, no caminho para o trabalho, também contribui para isso, como foi apurado pela reportagem.
"Dessa forma, há uma tendência menor de filas nessas regiões [periféricas]. Por outro lado, a região central conta com mais opções de megapostos [para pedestres] e drive-thrus, para que o atendimento possa ser feito de maneira mais rápida", explica trecho de nota.
Das 13 UBSs da região de Cidade Tiradentes (zona leste), por exemplo, dez constavam como "sem fila" na manhã desta segunda. Em contrapartida, as duas unidades de saúde da Bela Vista e uma do Cambuci, ambas no centro, estavam com “filas grandes”.
O Agora foi à UBS Sigmund Freud, em Moema, na zona sul, na manhã desta segunda-feira (12) e constatou uma grande fila de vacinação, conforme indicava o Filômetro da prefeitura.
Por volta das 8h30, a fila se estendia até o cruzamento da avenida Indianópolis, onde fica a UBS, com a rua Anapurus, momento em que a representante de comércio exterior Simone Ribeiro, 37, chegava ao local. Todos usavam máscaras e mantinham distanciamento social.
Simone conta q ue escolheu a unidade de saúde pelo fato da unidade estar no caminho de seu trabalho. “Quando vi o tamanho da fila, já avisei minha chefia que iria atrasar”, explicou. No momento em que ela falou com a reportagem, havia quase 80 pessoas aguardando a imunização.
Uma delas era a engenheira civil Camila Ravassa, 37, moradora da região. Ela afirmou que aguardava há cerca de uma hora para tomar a primeira dose da vacina, que na UBS de Moema era a Oxford/Astrazeneca. “Cheguei mais cedo, para não me atrasar para o trabalho, mas vou assim mesmo me atrasar”, lamentou.
Diferentemente da engenheira, que iria aguardar sua dose, ao menos seis pessoas deixaram o local ao constatarem que havia somente o imunizante desenvolvido no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz.
A secretaria destaca que todas as vacinas disponíveis foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e são eficazes e seguras contra a Covid-19. Não há necessidade nem possibilidade de escolher um imunizante específico.
Por volta das 9h, uma funcionária da UBS anunciou que, para quem não quisesse aguardar na fila, um posto a cerca de duas quadras dali, na mesma avenida, estaria aplicando doses contra a Covid-19.
Chegando ao local indicado, a reportagem testemunhou o momento em que um funcionário informava o fim das doses do posto, localizado no número 300 da avenida Indianópolis. “Mas já estamos providenciando a reposição”, disse ao Agora, acrescentando que, entre as 7h e por volta das 9h, ao menos 90 pessoas já haviam sido imunizadas.
O término das vacinas formou uma fila de aproximadamente 20 pessoas, que aguardaram cerca de 15 minutos até que os imunizantes fossem repostos.
Este foi o caso do fotógrafo Pedro Kok, 37, e sua mulher, a administradora de imóveis Marina Tayar, 40. Ambos vieram de Campos do Jordão (181 km de SP), onde se hospedam de tempos em tempos, desde o início da pandemia, exclusivamente para se imunizar na capital, já que residem na região central.
Eles chegaram a encarar a fila da UBS Sigmund Freud, mas após o anúncio de que não haveria fila a cerca de duas quadras da unidade de saúde, foram para o posto indicado pela enfermeira. “Quando chegamos disseram que não havia vacinas, mas chegaram novas doses bem rápido”, afirmou o fotógrafo.
Ambos optaram em ir até a unidade da zona sul com o intuito de fugir das grandes filas do centro, onde a reportagem esteve, no fim da manhã, na região do Cambuci. Na UBS que leva o mesmo nome, havia dezenas de carros aguardando, formando uma grande fila, para tomar a vacina contra a Covid-19.
Diferentemente das unidades de saúde de Moema e do centro, a UBS Milton Santos, na região da Saúde (zona sul) tinha uma pequena fila para a vacinação. A reportagem foi ao local, no início da manhã, verificando ser de aproximadamente 20 minutos o tempo de espera para a imunização.
A Prefeitura de São Paulo antecipou o cronograma de vacinação contra a Covid-19 estabelecido pelo PMI (Programa Municipal de Imunizações), iniciando, nesta segunda, a vacinação de pessoas com 37 anos, grupo estimado em 149.529 pessoas. Neste dia, pela previsão anterior, pessoas com 38 anos seriam imunizadas, o que ocorreu na sexta-feira (9).
A Secretaria Municipal da Saúde anunciou na tarde desta segunda-feira (12) que pessoas de 36 anos poderão ser vacinadasa partir desta quinta-feira (15). Na sexta (16), será a vez do grupo de 35 anos.
O prefeito Ricardo Nunes afirmou nesta segunda-feira que, até o momento, quase seis milhões de paulistanos já receberam ao menos a primeira dose contra a Covid-19. As declarações foram feitas em coletiva de imprensa, pela manhã, em visita à Casa Florescer -- serviço de atendimento à população transexual em situação de vulnerabilidade.
Segundo a prefeitura, até este domingo (11), haviam sido aplicadas 8.010.094 doses de vacina contra a Covid-19 no município, sendo 5.935.677 de primeira dose; 1.783.936 da dose de reforço; além de 290.481 de dose única.
Ao Agora, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, afirmou no último dia 7 que toda a população adulta da capital paulista pode ser imunizada, até o próximo dia 3 de agosto, se a vacinação "continuar neste ritmo."
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