Desemprego. Escândalos. Pandemia.
O governo enfrenta problemas.
Protestos começam a surgir nas ruas.
Elpídio era um velho militante sindical.
—Beleza. Agora vai.
O sofá de curvim novamente abrigava os sonhos do esquerdista.
—Já estou comemorando.
O conhaque era seu mais fiel companheiro.
—O povo unido jamais será vencido.
Na parede, o retrato de Che Guevara parecia concordar.
As notícias se acumulam.
—Vamos ver o que está acontecendo na CPI.
Contratos. Depósitos. Reuniões.
—Ladroeira. É óbvio.
Ele respirou fundo.
—Nunca vi tanta corrupção neste país.
Alguns podem perguntar.
—E o PT? E o mensalão?
Elpídio tomou mais um gole de conhaque.
—É muito diferente.
Vinham as explicações.
—O Lula, até… veja que no Supremo…
Che Guevara continuava escutando.
Elpídio achou melhor ligar a televisão.
—Opa. Opa. Importante isso aí.
O velho aparelho Colorado RQ trazia boas notícias.
—Haha. O povo na rua.
Protestos. Gritos. Ideais.
—O Bolsonaro está por pouco.
Foi quando veio a explicação.
—Protestos em Cuba. O povo pede liberdade.
—Hein? Hahn? Cuba?
Che Guevara fica em silêncio.
O povo, por vezes, não.