Voltaire de Souza: Ideias que não morrem

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Voltaire de Souza

Amor. Respeito. Saudade.
A Covid vai destruindo famílias brasileiras.
Quinhentos mil mortos.
O sr. Adélio era um deles.
Aos 62, ele deixou filhos, filhas e netos.
Freddy era o neto mais chegado.
—O vovô faz muita falta…
O rapaz sorria com tristeza.
—Tenho saudade até das brigas.
Motivo? Política.
—Eu sempre gostei do Lula…
O sr. Adélio tinha opiniões opostas.
—Nunca irei votar nesse bando de corruptos.
—Mas, vovô.
—O PT é só bandido.
Freddy achava melhor não mexer em vespeiro.
O sr. Adélio triunfou.
—Bolsonaro. Finalmente um homem honesto no governo.
—Honesto mesmo, só você, vovô.
—Haha… hehe… khhrk… hããnrr.
Era a tosse persistente.
O vírus matou o sr. Adélio em poucos dias.
Freddy não se conformava.
—Culpa do Bolsonaro, pô. Não quis vacina da Pfizer.
Raiva e tristeza se misturavam na alma de Freddy.
Era meia-noite quando vieram palavras de consolo.
—Morri, sim, Freddy…
—Vovô?
—Mas não faz mal.
O fantasma gritava com orgulho.
—Morro pelo Brasil. E viva o Bolsonaro.
Corpos tombam na batalha.
Convicções, por vezes, sobrevivem..

Ideias que não morrem
Ideias que não morrem - Pexels
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