Voltaire de Souza: Obediência devida

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Voltaire de Souza

Perguntas. Respostas. Depoimentos.
O país pergunta.
—Quem ganhou com a pandemia?
As denúncias são de roubalheira grossa.
A CPI procura investigar.
O coronel Vivaldo estava nervoso.
—O que é que eu vou falar?
Ele ocupava um importante cargo no ministério da Saúde.
—Sou um soldado. Não sei falar com esses políticos.
O dr. Miltinho era advogado e pastor evangélico.
—Fica tranquilo, coronel.
—Mas…
—Qualquer coisa, a resposta é a mesma.
—Qual?
—O senhor estava seguindo ordens superiores.
Vivaldo anotou num caderninho.
—Seguin-do… or-dens
—Mas pode variar as palavras.
—Como assim?
—Obediência ao comando. O exemplo do chefe…
Vivaldo chegou à CPI com dois comprimidos de calmante.
As perguntas vieram como metralhadoras.
O coronel pegou o caderninho.
—Eu estava apenas… hk… hk…
—Estava o quê, coronel?
—Seguindo ord… hic. Hic. Khk.
—Pode continuar, coronel.
—Kuk. Kik. Hic, hic.
Era uma prolongada crise de soluço.
O depoimento foi adiado para ocasião mais propícia.
Vivaldo se sente aliviado.
—Hic. O exemp- hic. Do ch...ch...hic.
Ordens são ordens.
Quem engole não diz nada.

Seguindo ordens - Pexels

Notícias relacionadas